O Ministro da Saúde, Nelson Teich, se tornou o nono ministro a deixar o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em menos de um ano e meio. O médico havia substituído, em 17 de abril, Luiz Henrique Mandetta, que havia sido demitido pelo presidente também por discordâncias. Teich vinha sendo desautorizado pelo presidente em assuntos como a ministração da Cloroquina no tratamento da Covid-19.
Na última segunda-feira (11), o ministro foi surpreendido durante entrevista coletiva com a informação de que o presidente havia publicado decreto flexibilizando o funcionamento de academias de ginástica, salões de beleza e barbearias. Ao ser abordado pelos jornalistas a respeito das medidas, ele não conseguiu esconder o constrangimento com a situação.
“Saiu hoje isso? Decisão de? Manicure, academia, barbearia…. Não é atribuição nossa, é uma decisão do presidente. A decisão de atividades essenciais é uma coisa definida pelo Ministério da Economia. E o que eu realmente acredito é que qualquer decisão que envolva a definição como essencial ou não, ela passa pela tua capacidade de fazer isso de uma forma que proteja as pessoas. Só para deixar claro que isso é uma decisão do Ministério da Economia. Não é nossa”, disse Teich.
Nesta semana, Bolsonaro disse em entrevista na saída da residência oficial do Palácio do Alvorada que seus ministros deveriam estar “afinados com ele”. O presidente fazia referência a uma postagem de Teich, em que o então ministro alertava para riscos da cloroquina no tratamento de covid-19.
A demissão do ministro da Saúde acontece no momento em que o país se aproxima de 14 mil mortos causados pelo novo Coronavírus. O primeiro ministro demitido do governo foi Gustavo Bebiano, no início do ano passado.