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O ‘casamento’ de fachada foi com a democracia, mas o coração bolsonarista flerta com o fascismo
Termômetro da Política
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Bolsonaro é saudado por apoiadores que pregam golpe militar. Foto: Reprodução/Twitter/31/05/20

A noite do sábado (31) foi marcada por um ato amedrontador em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Lá estavam homens e mulheres com tochas nas mãos gritando palavras de ordem, inspirados nos manifestos de supremacistas norte-americanos. No dia seguinte, em várias capitais, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediam o fechamento do Supremo e do Congresso e a instalação de uma ditadura militar. Em um destes atos, o próprio Bolsonaro, tal como um vaqueiro, montado a cavalo, conduzia os apoiadores.

Os gestos na linha do golpismo são inequívocos. As palavras, também. O bolsonarismo, vale ressaltar, é pródigo em frases e bordões inspirados em métodos que vão do nazismo ao fascismo. Um deles, só para não perder o jeito, foi visto neste domingo (31), encabeçado pelo próprio presidente. Ele compartilhou um vídeo que contém uma frase atribuída ao líder fascista Benito Mussolini. As imagens foram postadas na página oficial do chefe do Executivo no Facebook.

Reprodução/Facebook/31/05/20

O vídeo mostra um idoso italiano caminhando pela rua e fazendo um discurso supostamente a favor da liberdade. Em determinado momento, o homem cita uma frase atribuída a Mussolini. “Melhor um dia como leão do que cem anos como ovelha”, afirma. O bordão acabou incorporado à biografia do líder fascista, mas não foi o primeiro adotado pelo bolsonarismo alinhado com princípios de regimes autoritários. Eles inspiram praticamente todos os integrantes do governo.

Uma das primeiras associações entre o presidente, já eleito, e o regime de Adolf Hitler foi feita por causa da “coincidência” dos lemas de governo. O escolhido pelo brasileiro exalta o “Brasil acima de tudo”. Já o do alemão faz referência à “Alemanha acima de tudo (Deutschland über alles)”. Mas isso foi só o começo. Não custa lembrar que em janeiro deste ano o ministro Roberto Alvim (Cultura) foi exonerado por ter divulgado vídeo com fala inspirada em discurso do ministro da propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels.

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”

Roberto Alvim, ex-ministro da Cultura de bolsonaro

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”

Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista de Hitler

Casos do gênero são fastos, mas vamos fechar o leque apenas neste ano. No dia 10 de maio, pelas redes sociais, a Secretaria de Comunicação afirmou que “o trabalho, a união e a verdade libertarão o Brasil”. Não demorou para que muitos vissem na frase referência à expressão “o trabalho liberta”, inscrita na entrada do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. O local serviu de palco para a morte de 1,3 milhão de pessoas. Dias antes, o chanceler Ernesto Araújo foi criticado por entidades judaicas por comparar a quarentena gerada pelo novo coronavírus aos campos de concentração.

Para completar, há poucos dias, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, virou alvo de críticas de entidades judaicas. Ele comparou, no dia 27, o cumprimento de mandados de busca e apreensão, pela Polícia Federal, à Noite dos Cristais brasileira. O episódio, na Alemanha nazista, foi o resultado de uma onda de violência contra os judeus, ordenada pelo regime nazista de Adolf Hitler, na Alemanha.

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