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Fustigado por bolsonaristas, Toffoli divulga nota dizendo que STF jamais se sujeitará a “ameaças”
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Dias Toffoli critica atos que atentam contra a democracia. Foto: Rosinei Coutinho/STF

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), aos poucos, vêm se insurgindo contra as ameaças antidemocráticas de grupos bolsonaristas. Um dia depois de a sede do Poder ter sido alvo de fogos de artifícios soltados por aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente da Suprema Corte, Dias Toffoli, divulgou nota dizendo que o órgão “jamais” se sujeitará a nenhum tipo de ameaça “seja velada, indireta ou direta”.

O posicionamento ocorre, também, dias depois de Toffoli, em discurso, ter criticado as atitudes dúbias do presidente da República em relação aos movimentos antidemocráticos, que pregam fechamento do Congresso e do Supremo. Na nota divulgada neste domingo (14), o ministro diz que a corte não vai se sujeitar às ameaças feitas por bolsonaristas.

“O Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo a sua missão”, afirmou Toffoli, em nota divulgada por sua assessoria. O texto diz ainda que os atos simbolizam “um ataque a todas as instituições democraticamente constituídas”.

O presidente da Suprema Corte levanta suspeitas, também, sobre o patrocínio das ações. “Financiadas ilegalmente, essas atitudes têm sido reiteradas e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado, apesar da tentativa de diálogo que o Supremo Tribunal Federal tenta estabelecer com todos, Poderes, instituições e sociedade civil, em prol do progresso da nação brasileira”.

As atitudes dos grupos bolsonaristas foram criticadas, também, pelo ministro Alexandre de Moraes. Ele usou as redes sociais neste domingo para manifestar repúdio contra os atos. Moraes é o responsável pela condução do inquérito que apura a difusão de fake news contra ministros do Supremo. Um dos alvos da investigação é o ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Na reunião ministerial do dia 22 de abril, Weintraub afirmou que, se dependesse dele, colocaria “esses vagabundos todos na cadeia”, começando no STF (Supremo Tribunal Federal). “Eu por mim colocava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”, disse Weintraub.

Confira a íntegra da nota do Supremo

“Infelizmente, na noite de sábado, o Brasil vivenciou mais um ataque ao Supremo Tribunal Federal, que também simboliza um ataque a todas as instituições democraticamente constituídas.

Financiadas ilegalmente, essas atitudes têm sido reiteradas e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado, apesar da tentativa de diálogo que o Supremo Tribunal Federal tenta estabelecer com todos, Poderes, instituições e sociedade civil, em prol do progresso da nação brasileira.

O Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo a sua missão.

Guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal repudia tais condutas e se socorrerá de todos os remédios, constitucional e legalmente postos, para sua defesa, de seus Ministros e da democracia brasileira”.

Ministro Dias Toffoli
Presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça

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