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Primeiro foi o miliciano Adriano, depois Queiroz e agora Weintraub dá um jeito de “desaparecer”
Termômetro da Política
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Abraham Weintraub chegou a ser ouvido no inquérito das fake news, mas permaneceu calado. Foto: Lula Marques

O agora ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, se encontra em Miami, nos Estados Unidos. O ex-auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deixou o país em meio a discussões sobre o recolhimento do passaporte dele. O pedido foi protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES). Weintraub é alvo de investigações na corte no inquérito das fake news e se envolveu em episódios relacionados aos atos que pregavam o fechamento do Supremo e do Congresso.

A demissão de Weintraub do Ministério da Saúde foi anunciaa pelo presidente na quinta-feira (18), mas a publicação dela, “a pedido”, foi ocorreu apenas neste sábado (20), no Diário Oficial da União (DOU). A manobra, muito provavelmente, se deu para que ele pudesse viajar aos Estados Unidos fazendo uso do passaporte diplomático. Bolsonaro, dizem aliados, temia pela prisão do agora ex-auxiliar. Ele, inclusive, indicou o ex-ministro para uma das diretorias do Banco Mundial. A posse, no entanto, depende do aval de outros países.

O movimento de saída de Weintraub lembra o promovido por outros bolsonaristas que se tornaram incômodos ao governo. Primeiro foi o miliciano Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro em circunstâncias muito suspeitas pela Polícia Militar da Bahia. Depois foi Fabrício Queiroz, também ex-PM e supostamente articulador do esquema das rachadinhas no gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro, quando ele era deputado estadual no Rio. O primeiro estava escondido no sítio de um vereador bolsonarista na Bahia. O segundo no sítio do advogado bolsonarista Frederic Wassef, em São Paulo.

De acordo com a assessoria de imprensa do MEC, Weintraub viajou ainda nesta sexta-feira (19) e já se encontrava nos EUA na manhã deste sábado. O ex-ministro embarcou antes de ser oficializada sua demissão. A saída do ex-ministro do país gerou muita polêmica nas redes sociais, com várias pessoas falando em fuga. A hashtag “Fugiu” esteve entre as mais comentadas no trending topics do Twitter pela manhã.

Weintraub tem passaporte diplomático desde julho de 2019. Os ministros de Estado têm direito ao benefício, segundo informações do Ministério das Relações Exteriores. Não há informação oficial, no entanto, se ele fez uso desse passaporte e se viajou com a família. Os Estados Unidos fecharam as fronteiras para brasileiros em viagem ao país, por causa do descontrole brasileiro em relação ao enfrentamento do novo Coronavírus.

O fato de ter se tornado o pior ministro da Educação da história não parecia o suficiente para abalar a reputação de Weintraub entre os bolsonaristas. A chapa dele começou a arder, no entanto, depois que foram divulgadas as imagens dele na reunião ministerial de 22 de abril. Naquela data, o então ministro disse que por ele meteria “todos na cadeia, começando pelos vagabundos do Supremo”. A situação ditou pior após ele participar de um ato antidemocrático em Brasília, no último domingo, que pedia o fechamento do STF e do Congresso.

Nesta semana, Weintraub ainda viu frustrada a tentativa de ser excluído do inquérito das fake news, coordenado pelo ministro Alexandre de Moraes. O fato ocorreu na mesma semana em que o colegiado do Supremo decidiu considerar a legalidade do inquérito. O temor dos bolsonaristas era que o ex-ministro fosse preso. Por conta disso, em tese, houve toda a operação para retardar a demissão, para dar tempo de ele entrar nos Estados Unidos. Agora, vale ressaltar, a tirar pelo exemplo dos antecessores, a fuga é apenas o primeiro capítulo.

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