Ministro anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar a Educação, Decotelli entrega carta de demissão antes mesmo de tomar posse no MEC. As fraudes no currículo do ministro foram determinantes para sua queda do cargo, nesta terça-feira (30). Um mestrado sob suspeição de plágio, um doutorado não concluído e um pós-doutorado que nunca existiu. Os dois últimos títulos eram ostentados pelo docente, sem a posse dos diplomas ou qualquer certificação.
Além de não resolver o problema, o quase ministro expôs o presidente ao ridículo, e comprovou a incompetência do governo em achar um nome com perfil técnico relevante.
Carlos Alberto Decotelli da Silva era o nome do governo para tentar apaziguar o setor da educação após a conturbada gestão de Abraham Weintraub, que responde a dois inquéritos no STF, por xenofobia e apoio a atos antidemocráticos, e hoje está fora do país. Com suas mentiras, Decotelli mostrou-se uma afronta à comunidade científica brasileira.
Diversas entidades ligadas ao ensino superior pressionaram pela queda do ministro. Flávia Calé, presidente da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), publicou, em nota: “Para quem se dedica à produção científica, é triste ver um mau exemplo partindo do próprio ministro da Educação. A defesa de uma tese significa um tijolo na grande edificação coletiva do saber. É um momento grandioso, sonho de muitos de nós. Não deveria ser objeto de mentiras nem de pouco caso das autoridades públicas.”
Para a co-fundadora e presidente-executiva do Todos Pela Educação Priscila Cruz, as mentiras são graves: “Muita mentira junta é grave. Ministro da educação mentir formação acadêmica, é gravíssimo. Ministro que não é mais confiável para restabelecer as pontes com Estados, Municípios, Congresso e sociedade, não consegue exercer suas funções frente a profunda crise na educação”, publicou em seu perfil no Twitter.