Muito falamos da uberização do trabalho, afinal, somos sim influenciados pelas tendências globais do capitalismo financeiro.
Contudo, não nos esqueçamos que no fordismo à brasileira a informalidade é marca presente na morfologia do trabalho. Mulheres, especialmente periféricas e pretas, enfrentam a precarização do trabalho, ou uberização como chamamos hoje, pelo viés da informalidade. Seja pelo trabalho doméstico (do latim, domare, domar) seja pela forma de revendedora de empresas que vendem/produzem cosméticos, que exploram e geram mais-valia não só na produção (a partir da exploração de mulheres de comunidade amazônicas ) mas também da circulação das mercadorias e da revenda desses cosméticos.
As vantagens são muitas e bem sedutoras:
– sem vinculação trabalhista e portanto sem garantia e sem proteção social (férias, auxílios acidentes e afins);
– socialização dos custos e riscos para a trabalhadora, propositadamente chamado de colaborada;
– Trabalho sem carga horária determinada, o trabalho basicamente nunca para pois sempre há um cliente em potencial.
Estas mulheres e tantas outras são muitas vezes invisibilidades em discussões teóricas da precariedade do seu trabalho.
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O trabalho é precário para ambos os sexos, mas sem dúvidas, a divisão do trabalho é sexual e racial, não há como não imprimir contornos e particularidades a esses sujeitos.
Por isso, mais uma vez, recomendo a leitura de ‘Sem maquiagem’, livro da Ludmila Costhek Abílio, da editora Boitempo.