Errar é humano, mas permanecer no erro é burrice. O ditado popular é inequívoco e serve de régua e compasso para as eleições deste ano. Quem viveu 2018 viu como a extrema direita chegou ao poder. Jair Bolsonaro (sem partido) usava uma plataforma confusa, fundada no ódio, na mentira e na liberdade para todo mundo pudesse ter uma arma (ou várias). Ah, tem mais. Prometia mudar tudo isso que está aí. Mas o quê? Essa era uma pergunta proibitiva, pela escassez de ideias.
O fato é que entre a facada e um campo fértil para o crescimento de negação da política, preparado pela Lava Jato, o candidato das propostas obscuras chegou lá. Com ele, um monte de fundamentalistas chegou ao Congresso Nacional, sem fazer a mínima ideia de como se mover por lá. E desde o primeiro dia de janeiro de 2019, nos acostumamos a subestimar as atribuições do Executivo. Já não esperamos crescimento econômico ou justiça social e ver as pessoas morrerem da Covid-19 virou normal.
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Os últimos anos anos, desde a chegada da direita seguida da extrema direita ao poder nos acostumamos também ao arrocho salarial e à falta de expectativa pura e simples de melhoria para a classe trabalhadora. Sob a égide dos extremistas, vimos brotar nas Câmaras Municipais projetos inconstitucionais como o “escola sem partido” ou mesmo a burra proposta de proibir a “ideologia de gênero”. Esta última é como combater moinhos de vento.
Por sorte estas propostas foram podadas pelo campo progressista em várias cidades, fruto da eleição em tempos menos desalentadores. Mas se o eleitorado progressista não se mexer para impedir o avanço da extrema direita nas eleições, com seus candidatos idiotizados e pouco afeitos aos problemas reais da sociedade, daremos um passo a mais para o caos. Se em 2018 a extrema direita abraçou seus candidatos, o conjunto racional da sociedade precisa fazer o mesmo.
A opção a isso é ver fundamentalistas tomarem conta de tudo, nos jogando de volta à era das sombras. Bolsonaro, até agora, vem se equilibrando sobre a popularidade conseguida com o auxílio emergencial que ele não queria. Conseguiu emplacar uma popularidade que é pouco maior que a metade da dos petistas Dilma Rousseff e Lula no segundo ano de mandato. Mesmo assim, ela tem se mostrado sustentável por causa do eleitorado conservador, potencializado pelos evangélicos.
Essa parcela da população pode nem ser o suficiente para eleger sozinha um representante para o Executivo, mas tem capacidade de colocá-lo no segundo turno. É bom ficar em alerta.