A Justiça Eleitoral recebeu denúncia sobre a existência de um “laranjal” de candidaturas femininas em Belém, no Brejo paraibano. O escândalo foi materializado em uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) e as denúncias são estarrecedoras. No centro da questão estão candidatos do Pros e do MDB, que teriam se beneficiado de candidaturas laranjas de mulheres que, na prática, não fizeram campanha.
A Aije foi proposta por Maria das Graças dos Anjos, a Graça da Saúde (Cidadania), que é primeira suplente de vereadora. Os alvos são os vereadores eleitos Aerton Ferreira da Cruz (Pros) e Everton Gama de Sousa (MDB), além de 15 outras pessoas. O Pros e o MDB também integram a investigação. De acordo com a denúncia, eles teriam se beneficiado de um esquema de “recrutamento” de candidaturas femininas de laranjas.
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O pedido é para que Aerton e Everton não sejam empossados. A denúncia inclui as candidatas apontadas como fantasmas de Mikaeli Tolentino da Costa (Pros), Jessika Gama de Sousa (MDB), Marciana Cassemiro de Lima (MDB) e Luíza Martins de Oliveira (MDB). O traço comum entre elas é que nenhuma fez campanha e algumas até fizeram campanha para outros candidatos. Nenhuma foi eleita.
Os indícios apontados na denúncia revelam que os partidos escalaram mulheres com o único intuito de preencher a cota mínima de 30% de gênero. Mas tem casos que fugiram à norma legal de forma gritante. Um deles é o de Ana Patrícia Rodrigues da Silva, que apareceu como candidata a vereadora pelo Pros. A candidata, no entanto, questionou o registro ao saber que era candidata. Ressaltou até que não tinha filiação partidária.
O caso não é apenas grave, é gravíssimo. Ela teve o registro da candidatura indeferido, como pretendia ao descobrir a farsa. Mas não parou por aí. “As suspeitas aumentaram ainda mais quando o PROS, em 26 de setembro de 2020, requereu a substituição da candidata a vereadora FABIOLA DA SILVA SANTOS, que renunciou de sua candidatura, e foi substituída por MIKAELI TOLENTINO DA COSTA”, diz a denúncia.
A questão é que ao invés de pedir votos para si, Mikaeli passou a pedir voto para o candidato a vereador do DEM, Bau, seu avô. De acordo com a denúncia, ela usou as redes sociais particulares para pedir votos para o parente, fraudando o caráter competitivo da eleição. Para completar, ela não participou de nenhum evento de campanha e não gravou propaganda para ser veiculada nas rádios como candidata.
Os laços de família pesaram também no caso de Jéssika Gama de Sousa (MDB), que é irmã do então candidato Everton Gama de Sousa, único eleito pelo MDB. Ela substituiu Dayanne Rayanne Batista Ribeiro. Ela se candidatou, mas não realizou campanha eleitoral. Mas esse não foi o único caso de irregularidade na sigla emedebista. A postulante Marciana Cassemiro de Lima se candidatou, mas não pediu votos para si.
A Aije pede que sejam suspensas a diplomação e a posse de Aerton e Everton. O pedido é para que os casos sejam analisados e os partidos relacionados também sejam punidos. O objetivo, com isso, é desarticular o “laranjal” de candidaturas femininas em Belém.