A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) realizou, nesta sexta-feira (21), sessão especial em alusão ao Dia do Assistente Social, comemorado em 15 de maio. A sessão, que aconteceu de forma remota, foi proposta pela deputada Cida Ramos (PSB) com o tema “Há mais de 500 anos: sempre na linha de frente” e contou com a participação da deputada Estela Bezerra (PSB), de professores, estudantes de Serviço Social e representantes da categoria.
Regulamentada em 1957 e posteriormente em 1993, a profissão de assistente social é fundamental na elaboração e execução das políticas sociais brasileiras para a ampliação dos direitos de cidadania. A deputada Cida Ramos destacou que o profissional da Assistência Social tem trabalhado diretamente em contato com a população, com os movimentos sociais e organizações de Direitos Humanos contra a desigualdade de classe, o racismo estrutural, o machismo, o feminicídio e contra toda a forma de desigualdade. “Somos uma categoria que luta de modo incansável pelos direitos humanos. Nossa luta é anticapitalista, pela democracia, contra o autoritarismo e toda forma de opressão”, afirmou a deputada.
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Cida ressaltou ainda que, em conjunto com a classe trabalhadora, a categoria busca conquistar uma sociedade justa, livre e emancipada e acrescentou que durante a pandemia do novo coronavírus estas desigualdades se mostraram da forma muito mais visíveis. “Estamos diante de um dos países mais desiguais do mundo. A pandemia revelou a face cruel da forma mais tensa desse país e desse projeto em curso no Brasil. Precisamos nos unir em uma única voz afirmando que temos um lado, coragem, força e tem unidade para enfrentar o autoritarismo e reconquistarmos o caminho da plena democracia a direção de um Brasil socialmente justo”, argumentou.
A deputada Estela Bezerra parabenizou a deputada Cida Ramos, que é assistente social, pela sessão especial em alusão a categoria. Estela ressaltou que a Assistência Social, além do projeto próprio da profissão, possui uma luta por igualdade e responsabilidade social. “Precisamos enfrentar com muita força e altivez os próximos momentos desse vácuo de direitos que estamos atravessando e enfrentando. Confio muito na força que vem dessa profissão, que é extremamente organizada e muito consistente”, parabenizou Estela.
Doutora em Assistência social, a professora Maria Luiza Rizzotti avaliou que é preciso sim prestar homenagens aos profissionais da área, não só na Paraíba, mas em todo o país, onde a categoria vem atuando de forma direta com a população diante da pior crise sanitária da história. “Quiçá todas as assembleias do país pudessem homenagear os assistentes sociais, que têm dado sangue, suor e lágrima, para garantir os direitos sociais. Faz parte da nossa luta o combate às diferenças e defender a democracia e os direitos sociais a todas as pessoas”, disse.
A vice-presidenta do Conselho Regional de Serviço Social (Cress), Raquel Alvarenga, observou que a atual crise sanitária revelou a desigualdade social que sempre existiu no país, desigualdade esta que nega, principalmente, o atendimento das necessidades públicas. “Pra nós que sempre atuamos atendendo a população, essa desigualdade só piorou. Isso já faz parte da nossa realidade, mas agora foi aguçada, exigindo de nós uma atenção redobrada em defesa da nossa profissão e em prol da qualidade dos serviços prestados à população”, argumentou Raquel, acrescentando que a categoria, além de respeito, precisa de melhores condições de trabalho para servir a população, principalmente, a mais carente.
A assistente social do Instituto Nacional de Serviço Social, Katiúska Torres Medeiros, apontou que diante da atual crise, a profissão tem adquirido contornos ainda mais desafiadores, revelando a necessidade de um profundo conhecimento sobre a teórica-metodologia, a operacionalidade e as políticas do serviço social. “É relevante para que possamos realizar uma intervenção eficaz, especificamente no que se refere à questão pandêmica, onde estamos, cotidianamente, buscando formas para equalizar a execução das nossas atividades profissionais, junto com os cuidados necessários de prevenção à covid-19”, alertou a profissional.
Katiúska explicou ainda que a categoria defende a disponibilização de um atendimento de qualidade à população, com ética, com segurança sanitária. “Talvez, uma das principais demandas da nossa profissão, atualmente, seja a socialização de informação que, hoje, não está sendo possível ser realizada, porque as portas estão fechadas para esse tipo de serviço”, revelou.
Professora, pesquisadora e assistente social no Sistema Único de Saúde (SUS), Shellen Galdino agradeceu a participação na sessão especial e falou do seu orgulho em representar os profissionais de saúde, além dos desafios no combate à pandemia de covid-19.
“Nós temos um grande desafio no combate à pandemia de covid-19 e o desafio maior que é combater o Ministério da doença no governo federal. O que estamos vendo claramente nessa CPI da Pandemia é que a maioria dessa mortes poderiam ter sido evitadas. É um dever ético de nós assistentes sociais com a população e o povo brasileiro, dizer o que está acontecendo nessa CPI, porque o que está sendo colocado lá é que muitos de nós perdemos colegas, familiares, pessoas próximas porque houve uma omissão do Estado brasileiro”.
Shellen destacou ainda que os assistentes sociais nunca deixaram de combater o assédio institucional e emocional que acontece no ambiente profissional. “Muitos assistentes sociais não se calaram diante de situações arbitrárias e não deixaram de fazer o que foi colocado na sua profissão”, e afirma que, também, muitos assistentes sociais diuturnamente garantem o acesso à informação, facilitando o contato entre equipe médica e familiares, bem como na realização de televisitas, o que garante aproximação entre familiares e pacientes de covid-19.
De acordo com a deputada Cida Ramos, será solicitada a realização de uma audiência com representantes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com a participação do Ministério Público Federal, Ministério Público da Paraíba, Cress e demais representantes da categoria com o intuito de apresentar soluções para as dificuldades encontradas no livre exercício da profissão na instituição, além do acesso a benefícios. A parlamentar garantiu promover ainda uma reunião com o chefe do Poder Executivo e representantes de povos originários (quilombolas, indígenas e ciganos) para discutir condições sanitárias, a vacinação e segurança alimentar.
Também participaram da sessão a professora da Faculdade Brasileira de Ensino Pesquisa e Extensão (Fabex), Wanessa Pinheiro; a ex-vereadora de João Pessoa e assistente social Sandra Marrocos; a profissional de Assistência Social, Ana Cândida Ribeiro; o assistente social, presidente do Cress-PB e presidente do diretório estadual do Psol, Tárcio Teixeira; os professores Jamerson Souza, Marinalva Conserva e Elisângela Inácio; e a representante do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Coegenas), Sofia Ulisses.
Fonte: ALPB