As medidas de enfrentamento à disseminação da covid-19 adotadas pelo Governo da Paraíba e pela Prefeitura de João Pessoa parecem mostrar que Estado e Município têm entendimentos diferentes a respeito da pandemia. O decreto municipal foi mais brando que o estadual, mas na verdade, a disparidade tem base científica. Os dados consolidados ontem (2) pelo Observatório de Síndromes Respiratórias da Universidade Federal da Paraíba (OBSRUFPB) apontam tendência de agravamento da pandemia no estado, enquanto na capital paraibana a tendência é de melhora do panorama da crise sanitária.
A capital tem também nos números de hospitalizados uma razão muito direta para tratar de maneira diferente o enfrentamento à pandemia de covid-19. De cada 100 internos nas unidades de referência para o tratamento da doença, 52 são residentes de outras cidades. Entre os que precisaram ser atendidos em UTI, o índice é de 55% do total.
Veja também
Prefeitura de João Pessoa entrega kits de materiais esportivos que estavam guardados desde 2017
Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, disponíveis na plataforma Painel Covid-19, o Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, possui o maior índice de ocupação de pessoas residentes em outras cidades: 68,42% no geral e, levando em conta apenas os quadros que precisam de UTI, são 68,4% (13) de não-residentes contra 31,6% (6) de moradores de João Pessoa. Em seguida, vem o Ortotrauma de Mangabeira, com 66,67% no geral e mesmo índice de UTI. O Hospital Metropolitano de Santa Rita, com 64,71% geral, possui 66,7% dos leitos ocupados por pacientes de outras localidades.
Ainda sobre os dados da Gerência de Vigilância Epidemiológica da Capital, o maior percentual de não-residentes são oriundos de cidades da 1ª Macrorregião de Saúde, com 77,45%. Da 2ª Macrorregião são 10,78%; seguido da 4ª Macrorregião com 9,8% e fechando a 3ª Macrorregião com 1,96% dos não-residentes em João Pessoa.