É comum ouvir falar de adultos com hipertensão arterial ou pressão arterial elevada, mas esses problemas também afetam crianças e adolescentes, alerta o cardiologista Valério Vasconcelos. A principal causa de hipertensão em crianças e adolescentes é a obesidade, no entanto mudanças no estilo de vida são alternativa à medicação.
Conforme o documento Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial 2020, divulgado em novembro do ano passado, a prevalência de Pressão Arterial Elevada (PAE) e de Hipertensão Arterial (HA) em crianças e adolescentes vem aumentando nos últimos anos. Na idade pediátrica, a prevalência atual de Hipertensão Arterial é de 3% a 5%, enquanto a de Pressão Arterial Elevada é estimada entre 10-15%. Na faixa etária de 7 a 12 anos, as prevalências de PAE e HA são de 4,7% e 1,9% respectivamente, ambas ocorrendo mais entre os obesos.
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Valério Vasconcelos explica que, geralmente, a HA primária ocorre em crianças acima de 6 anos, que têm sobrepeso ou obesidade (o risco de desenvolver hipertensão é oito vezes maior nas crianças obesas) ou ainda história familiar positiva para HA. Nos primeiros anos de vida, a pressão alta também pode ser a manifestação secundária de alguma doença de base, especialmente de doenças renais, endócrinas, cardíacas e pulmonares, como a apneia do sono. “Prematuros e crianças que nascem com baixo peso também estão sujeitos a desenvolver hipertensão arterial na idade adulta”, ressalta.
O especialista comenta que nem sempre é possível determinar a causa médica da pressão alta primária nas crianças e adolescentes. “Mas estudos mostram que, atualmente, assim como acontece com os adultos, histórico familiar, obesidade, sedentarismo, maior ingestão de sal e menor de potássio são fatores de risco que contribuem para o aparecimento da hipertensão arterial na infância. Já na adolescência, cigarro, consumo de bebidas alcoólicas e de outras drogas, assim como o uso de anabolizantes e de pílulas anticoncepcionais, pesam também como fatores de risco para o surgimento da doença”.
Antes de pensar em medicação, explica Valério Vasconcelos, é preciso introduzir um novo estilo de vida no cotidiano da meninada. “Criança e adolescente podem tomar medicamento para hipertensão, mas é importante que os pais ou responsáveis também estimulem a prática regular de atividade física e a introdução de dieta balanceada, com mais frutas e verduras, menos gorduras saturadas e açúcar. Uma outra medida indispensável é reduzir drasticamente a ingestão de sal”.
O pediatra e o médico clínico geral têm muita importância no diagnóstico de pressão arterial elevada e de hipertensão arterial em crianças e adolescentes, e o tratamento deve ser iniciado tão logo se identifique o problema. “O encaminhamento da criança ou do adolescente para um cardiologista vai depender da causa, se existe comprometimento de órgãos-alvo e dos níveis de pressão”, afirma Valério Vasconcelos.
O cardiologista destaca que todas as crianças maiores de 3 anos devem ter a sua pressão arterial medida pelo menos uma vez por ano. Para as crianças menores de 3 anos, a pressão deve ser aferida quando houver suspeita de hipertensão secundária a outras condições de saúde.
Fonte: assessoria de imprensa do cardiologista Valério Vasconcelos