O Instituto Serrapilheira lançou hoje (1º) sua quinta chamada pública de apoio a jovens cientistas. Serão selecionados até dez pesquisadores que desenvolvam projetos teóricos e experimentais ousados, a serem financiados com valores que variam de R$ 200 mil a R$ 700 mil por proposta. Os valores serão distribuídos ao longo de três anos, com possibilidade de extensão. As inscrições ficarão abertas de 26 de outubro a 26 de novembro na página da chamada pública, onde o edital completo pode ser conferido.
A diretora de Ciência do Instituto Serrapilheira, Cristina Caldas, disse que a instituição segue em busca de jovens que proponham grandes perguntas em suas áreas. “A gente está estimulando as pessoas a pensarem quais são as grandes perguntas que as motivam a entender as ciências, tanto ciências naturais, matemática, quanto ciência da computação, e mesmo que sejam perguntas mais arriscadas”. O edital procura cientistas que pensem em projetos que sejam diferentes dos que vêm sendo feitos, que sejam ousados e que, inclusive, envolvam riscos.
Para Cristina, a chamada pública é um espaço para os jovens cientistas testarem suas ideias, desde que sejam bem fundamentadas cientificamente, mas que tenham certo componente de risco para o qual será mais difícil obter apoio de uma agência pública, por exemplo. O componente novo, que não era pedido anteriormente, é exatamente esse: o candidato explicar o risco e mostrar como ele, ou ela, enxerga esse risco, explicou.
A faixa de valores deve constar das propostas apresentadas. Cristina informou que o Instituto Serrapilheira constatou que dependendo da área da ciência, da região geográfica e da abordagem dos projetos, o valor para sua realização é variável. Em geral, projetos com abordagem teórica demandam menos investimento do que projetos experimentais.
O processo de seleção tem duas fases. Na primeira, os jovens cientistas apresentam uma pré-proposta, que será avaliada por revisores internacionais, como vem sendo feito desde a quarta chamada. Os candidatos mostram currículo, carreira acadêmica, artigos já publicados e que consideram relevantes, além de responder a seis perguntas objetivas. “A gente faz um processo que seja mais otimizado tanto para o cientista, quanto para os nossos revisores. O candidato tem que conseguir escrever de maneira bem sólida e argumentada sobre o projeto que quer desenvolver, e tem que dar também um elemento do que já fez como cientista”, explicou Cristina Caldas. Ela acredita que isso permitirá analisar o grau de criatividade e ousadia que o pesquisador está propondo.
A partir daí, alguns jovens serão chamados para submeter a proposta completa e detalhada. A etapa final para os proponentes inclui uma entrevista em inglês com especialistas. A primeira fase da chamada pública apresentará resultado em fevereiro de 2022. A segunda etapa, mais laboriosa, terá conclusões divulgadas em junho do próximo ano. A partir de 15 de agosto de 2022, os jovens cientistas selecionados começarão a desenvolver seus projetos, cuja duração será de três anos.
Para participar do edital, os candidatos deverão ter vínculo permanente com alguma instituição de pesquisa no Brasil e ter concluído o doutorado entre 1º de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2019. Esse prazo é estendido em até dois anos para mulheres com filhos, devido ao impacto da maternidade na produção acadêmica, disse a diretora.
Dependendo da área do conhecimento, a participação feminina é reduzida. Um exemplo até agora tem sido as áreas de matemática e ciência da computação. Já ciências naturais costumam ter boa representatividade de mulheres. Cristina Caldas disse que a média de proponentes tem sido, em geral, de 40% para mulheres e 60%, homens.
O Instituto Serrapilheira é a primeira instituição privada, sem fins lucrativos, de fomento à ciência no Brasil. Criado para valorizar o conhecimento científico e aumentar sua visibilidade, além de fomentar uma cultura de ciência no país, a instituição atua com dois focos principais: ciência e divulgação científica. Desde a sua criação, o Serrapilheira já apoiou 139 projetos de pesquisa e 55 projetos de divulgação científica, nos quais foram investidos mais de R$ 50 milhões oriundos de um fundo patrimonial de R$ 350 milhões.
Cristina Caldas esclareceu que, desses projetos, 30 contam com apoios de longo prazo. “Acreditamos que a ciência de qualidade precisa de tempo e liberdade para ser desenvolvida”. Ela destacou que o instituto começa a colher os frutos dos primeiros grants (bolsas) de longo prazo que foram oferecidos, observando avanços em áreas importantes como informação quântica, ecologia e neurociências. “Em meio a um cenário pouco favorável para a pesquisa, temos ainda mais certeza de que esse investimento não pode parar”, afirmou a diretora.
Fonte: Agência Brasil