Na sessão do Supremo Tribunal Federal desta quarta-feira (22), o ministro Dias Toffoli prestou homenagem ao centenário de nascimento do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, celebrado no último dia 14. Dom Paulo, falecido em 2016, é conhecido por sua contribuição na luta pela redemocratização, pelos direitos humanos e pela redução das desigualdades no país. “Um homem de ação, de esperança e, acima de tudo, um exemplo que inspira e que deve continuar a inspirar todos nós”, disse Toffoli.
Coragem
Entre outros feitos, o ministro lembrou que Arns, “com coragem”, denunciou tortura e assassinatos nos anos 70, durante a ditadura militar, e, com a Comissão Justiça e Paz, realizou o projeto “Brasil: Nunca Mais”, “para que não mais voltemos às trevas”.
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Segundo o ministro, Dom Paulo foi um guerreiro na luta para erradicar a pobreza, diminuir a desigualdade e promover o bem comum, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação. “Que os tempos de polarização e de ruído em que vivemos não nos tirem do caminho que Dom Paulo indicou ao longo de toda sua vida”, concluiu.
Exemplo
O ministro Alexandre de Moraes lembrou que teve a oportunidade de conviver com Dom Paulo quando foi secretário da Justiça do Estado de São Paulo. “Ele sempre teve uma atuação muito direta na questão dos direitos humanos e se mostrou um grande exemplo brasileiro para todos nós”, afirmou.
País diferente
O ministro Luís Roberto Barroso lembrou que a primeira vez em que ouviu falar em Dom Paulo foi em outubro de 1975, quando o cardeal celebrou o culto ecumênico em memória do jornalista Vladimir Herzog, morto sob tortura em um comando do 2º Exército em São Paulo. “Esse foi um dos momentos que mais marcou a minha vida e a minha compreensão do Brasil para, naquele dia, desejar um país diferente daquele que permitia que fatos como esse acontecessem, e que se repetiram pouco depois, com a morte do operário Manoel Fiel Filho”, disse.
Liderança
Também o ministro Edson Fachin celebrou o centenário do cardeal. Para ele, a homenagem é oportuna e merecedora a todos os títulos. Para o ministro Ricardo Lewandowski, Dom Paulo “foi uma das grandes lideranças em defesa dos direitos humanos e um dos grandes responsáveis pela abertura política que logramos alcançar nos anos 1980”.
Momento delicado
O ministro Gilmar Mendes cumprimentou o ministro Dias Toffoli pela iniciativa de lembrar Dom Paulo Evaristo Arns “em um momento tão delicado da vida nacional”.
Ao se associar à homenagem, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, disse que o momento o fez relembrar a morte de Vladimir Herzog e assinalou que, recentemente, foi lançado um documentário sobre aquele momento, que mostra que o sofrimento da família perdura até hoje.
Leia a íntegra da homenagem do ministro Dias Toffoli.
Fonte: STF