Militante há mais de 30 anos do PT na Paraíba, Charliton Machado lançou oficialmente sua pré-candidatura ao Senado pelo partido, afirmando que a ação é fruto de um projeto político que busca dialogar com os setores progressistas da Paraíba, como os movimentos sociais e populares. Ele está disposto a lutar, ou seja, debater e disputar internamente para garantir a vaga do partido.
Entre seu nome e a vaga, está uma possível disputa com o ex-governador Ricardo Coutinho, que ainda não se filiou ao partido. O petista diz que não se pode falar sobre “algo que não existe”, fazendo referência à não-filiação de Ricardo, que já abandonou as cores laranja do PSB e aparece por aí utilizando usando vermelho.
Há um mês, a pré-candidatura de Charliton foi indicada por nomes antigos e importantes do partido: o deputado federal Frei Anastácio, o deputado estadual Anísio Maia, o prefeito de Picuí, Olivânio Remígio, e quatro membros da executiva estadual do partido. É um grupo conhecido por não concordar com a possível filiação de Ricardo Coutinho, apesar de o ex-governador ter o apoio do ex-presidente Lula e da presidente nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann.
Com uma longa história no PT, Charliton Machado é filiado desde 1987, chegando a ser candidato à prefeitura de João Pessoa em 2016, com o objetivo de retomar o “projeto petista” na cidade, e já atuou como presidente da sigla na Paraíba. O próprio define sua trajetória como “uma vida entrelaçada com o PT”.
Ricardo Coutinho vestido de vermelho e com uma estrela no peito preocupa Charliton?
Apesar de não estar filiado, Ricardo Coutinho já demonstra nas suas redes sociais sua nova paleta de cores: vermelho e o dourado da estrela petista. O ex-governador pode se filiar ao PT e concorrer a uma vaga no Senado, disputando internamente com Charliton pela vaga única.
Sobre a possível candidatura de Ricardo, Charliton diz que só pode “falar sobre algo que existe”, e que quando o ex-governador se filiar, lançar sua indicação ao Senado e participar da disputa interna, aquele que perder deverá respeitar o nome escolhido. “Quem perder deverá apoiar aquele que saiu vitorioso e eu me proponho a isso”, afirmou o petista.
“Só tem uma vaga, quem define a tática é o PT nacional, mas quem consolida é a militância. Não é uma decisão de ‘cima para baixo’. Em qualquer decisão democrática tomada pelo partido, eu apoiei o PT e nunca tive dificuldade de apoiar, apenas espero que as pessoas pensem da mesma forma. Não tenho medo de fazer debate e disputa interna”, argumentou Charliton.
Quanto à possível filiação de Ricardo, Charliton defende que qualquer cidadão pode e deve se filiar, desde que queira “construir, colaborar e desenvolver uma política de solidariedade interna”.
Sobre uma possível aliança com Ricardo para o Governo da Paraíba, o petista afirma que não enxerga uma movimentação do ex-governador para voltar para o cargo. Ele diz escutar que a estratégia do Lula é criar uma frente ampla com partidos democráticos para derrotar o bolsonarismo, e uma candidatura apenas do PT no Estado não seria boa, tornando a Paraíba uma “ilha”, deixando o partido no isolamento.
Bolsonaro e o impeachment
Charliton se diz favorável ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas acredita que não será possível ver movimentação dos agentes políticos para tal. Ele pensa que a única forma possível será a derrota de Jair nas urnas, em 2022. “Qualquer pessoa em sã consciência hoje, que tivesse força política, deveria ter feito isso [abrir o processo de impeachment]”, disse o ex-presidente do PT na Paraíba, considerando que não vê esforços para a ação.