Raissa* recebeu no seu WhatsApp uma proposta: ela só precisaria depositar previamente uma quantia de R$ 380, que funcionaria como um seguro, para receber um empréstimo de R$ 3 mil, que seria dividido em 60 parcelas de R$ 72. A empresa se apresentava como uma financeira que trabalha com o público negativado e autônomo e prometia para a vítima a liberação do dinheiro na conta em até meia hora. Ela não depositou e evitou cair no golpe do empréstimo falso.
É por meio dessas propostas aparentemente irrecusáveis, com parcelas baixas e dinheiro rápido, que os golpistas pedem o depósito e nunca retornam o dinheiro prometido. Como essas pessoas estão precisando de dinheiro, fica fácil enganar a vítima. Mas não é apenas essa modalidade de golpe que está acontecendo no WhatsApp, há um muito mais frequente, que funciona por meio da clonagem da conta.
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Quando o golpista entra em contato, ele solicita que a vítima ceda um código de seis dígitos enviado para o celular. O código é chave para acessar o WhatsApp por outro dispositivo e assim ele é clonado. O próximo passo é entrar em contato com amigos e familiares pedindo dinheiro urgente e prometendo devolver em breve.
Outra técnica utilizada pelos golpistas é a da conta falsa de WhatsApp. Usam indevidamente a foto de uma pessoa e se passam por um amigo ou familiar, alegando que trocaram de número, e pedem dinheiro.
Os golpistas também atacam políticos paraibanos. Em abril, eles utilizaram uma conta falsa e se passaram pelo deputado federal Wilson Santiago (PTB), enviaram mensagens por WhatsApp para três prefeitos da Paraíba pedindo dinheiro e documentos, argumentando que seria para viabilizar doações para os municípios, em nome da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Neste ano, mais três políticos anunciaram que foram vítimas desse golpe: os deputados estaduais Tião Gomes (Avante), Eduardo Carneiro (PRTB) e o deputado federal Ruy Carneiro (PSDB). O golpe costuma acontecer com pessoas públicas, mas tem sido cada vez mais frequente com pessoas comuns.
Os golpes são muito frequentes e não são poucos. Para evitar cair é importante conhecê-los e saber como se prevenir. Mas se você já caiu em um, a Polícia Civil precisa que a vítima registre o boletim de ocorrência na nova Delegacia de Crimes Cibernéticos ou faça a denúncia on-line.
O delegado da Delegacia de Crimes Cibernéticos, Joames Oliveira, garante que o primeiro passo para atuação da polícia é a realização do boletim de ocorrência. Segundo ele, o golpe por WhatsApp não é um crime novo, mas a pandemia foi responsável por aumentar a incidência da conduta criminosa.
O golpe mais comum continua sendo o “furto” do WhatsApp, que ocorre quando os golpistas clonam a conta da vítima. Para o delegado, tanto pessoas públicas ou comuns, hackers buscam banco de dados e possuem acesso às informações importantes que facilitam o golpe.
Joames Oliveira recomenda que a população reforce a atenção quando pessoas estranhas entrem em contato, quando apresentem soluções e dinheiro fácil, mas na verdade, “não oferecem nada em troca, a única coisa que querem são seus dados, por serem uma arma poderosa”.
A denúncia pode ser feita tanto presencialmente na Delegacia de Crimes Cibernéticos, em João Pessoa, ou através do registro do boletim de ocorrência on-line, diretamente neste link.
Os golpistas entram em contato oferecendo um serviço ou premiação e solicitam o envio de um código para que a vítima tenha direito ao que foi ofertado. No golpe, a vítima repassa o código de seis dígitos de acesso ao WhatsApp, que ativa a conta em um novo celular. Com acesso à conta da vítima, eles solicitam dinheiro para amigos e familiares, informam que estão passando por uma emergência e em breve devolveram a quantia.
Para evitar ter sua conta clonada, é importante nunca enviar o código do WhatsApp para outras pessoas. Uma medida para evitar o golpe é ativar a verificação em duas etapas da sua conta, disponível nas configurações do WhatsApp, onde você adiciona uma segunda senha que será solicitada caso alguém queira acessar sua conta de outro dispositivo.
O golpe do empréstimo falso também é fácil de ser reconhecido. Desconfie se o golpista solicitar uma quantia prévia para liberar o dinheiro. Também fique atento com a comunicação informal por meio de áudio ou mensagens com erros ortográficos. Confira a reputação de empresas que entrarem em contato. Para evitar o golpe por meio de contas fakes, telefone ou converse diretamente com a pessoa que está solicitando a quantia ou documento e confirme se a pessoa está realmente necessitando do que foi pedido.