Apenas uma semana após a aprovação de uma resolução que definia que servidores da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) só poderiam entrar no espaço vacinados contra a acovid-19, o deputado Cabo Gilberto (PSL), que ainda não foi imunizado, invadiu a sessão apresentando apenas um teste negativo para a doença. A ação do deputado foi alvo de críticas de diversos parlamentares e foi debatida uma questão de ordem apresentada pelo deputado Hervázio Bezerra (PSB), que pedia a suspensão da sessão para a retirada do colega.
Com base na decisão, Hervázio discursou que “todo e qualquer cidadão tem o direito de não tomar vacina, mas ele não pode frequentar o ambiente de quem foi vacinado e descumprir uma resolução da Casa”. Hervázio disse ainda que se a maioria dos parlamentares resolvessem passar por cima da decisão, ele voltaria a participar das sessões de forma remota. “É a minha vida, é o respeito à resolução, respeito aos meus colegas e servidores”, concluiu o deputado.
O presidente da Assembleia, deputado Adriano Galdino (PSB), aproveitou para dizer que Cabo Gilberto desobedeceu a resolução e que o ato deveria ser investigado pelo Conselho de Ética. Galdino reconheceu que o deputado tinha o direito de não tomar vacina, mas não tinha o direito de colocar em risco os servidores e jornalistas que frequentam a casa, “É um direito muito pequeno, em relação ao direito coletivo e fica mais pequeno ainda quando coloca em risco nosso bem maior, que é o direito à vida”, afirmou o presidente.
Apesar de criticar o deputado, Adriano Galdino se posicionou contrário à suspensão da sessão, colocou em votação a questão de ordem e ela foi reprovada por 6 votos favoráveis e 25 contrários. Rasgando a própria decisão, os parlamentares votaram pela continuação da sessão, mas aproveitaram o momento para puxar a orelha de Cabo Gilberto e pedir que ele se vacinasse, ou que nas próximas sessões ele participasse de modo remoto.
Cabo Gilberto se manifestou afirmando que defendia a vacinação, disse que estava se sentindo “discriminado”, e que não poderia defender a obrigatoriedade. Ele pediu também que o teste mostrado fosse aceito por comprovar que não estava infectado, apesar de não constar a norma na resolução aprovada.
Hoje (5) também foi votado pelos deputados o “Passaporte da Vacina”, um projeto de lei que pretende exigir o comprovante de vacina para entrada em comércio, restaurantes, bares e shows. O projeto foi aprovado, mas ainda precisa ser sancionado pelo governador João Azevêdo (Cidadania) para ser colocado em prática.