Quinze dias após o jogador de vôlei Maurício Souza fazer uma publicação homofóbica nas suas redes sociais, o Minas Tênis Clube anunciou ontem (27) o desligamento do atleta, que atuava como central do time. O clube esperava que o jogador fizesse um pronunciamento, onde pediria desculpa. Em vídeo, Maurício se desculpou, mas voltou a defender que homofobia era questão de “liberdade de expressão”.
“Eu vim pedir desculpas a todos que se sentiram ofendidos com a minha opinião, por eu defender aquilo que eu acredito, assim como vocês defendem aquilo que acreditam”, afirmou o central.
Diferentemente do que disse o jogador, homofobia não é “liberdade de expressão”, é crime. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais devem ser enquadrados no crime de racismo.
Maurício, fez uma postagem homofóbica no Instagram criticando o anúncio, feito pela DC Comics, que o filho do Superman se assumiria bixessual em novo quadrinho. Grandes patrocinadores do Minas Tênis Clube, a Fiat e a Gerdau, repudiaram o ocorrido e exigiram que fossem tomadas providências contra o atleta, destacando que as duas estão comprometidas com o respeito à diversidade e à inclusão.
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Inicialmente, o clube afastou o atleta por tempo indeterminado, aplicou uma multa e exigiu uma retratação imediata.
“O Minas Tênis Clube reforça que não aceita e não aceitará manifestações intolerantes de qualquer forma e que intensificará campanhas internas em prol da diversidade, respeito e união, por serem causas importantes e alinhadas com os valores institucionais”, afirmava a nota publicada pelo clube nas redes sociais.
Após não ter conseguido convencer o clube, o público e os patrocinadores com o seu pedido de desculpas, veio o anúncio de demissão. Maurício agradeceu ao Minas e publicou uma imagem do Superman beijando a Mulher-Maravilha, voltando a compartilhar provocações no seu Instagram.
Maurício Souza é também jogador da seleção brasileira de vôlei, onde atuou nos Jogos Olímpicos de Tóqui, no Japão. O técnico da seleção, Renan Dal Zotto, disse em entrevista ao O Globo que estava decepcionado com a atitude do central e que na seleção brasileira não havia espaço para atletas homofóbicos.
O ponteiro e também jogador na seleção brasileira, Douglas Souza, agradeceu o posicionamento da Fiat. “Obrigada por entender que homofobia não é liberdade de expressão ou opinião”, disse o atleta. Após o anúncio de demissão do central, Douglas voltou a comentar: “Homofobia não é opinião. Grande dia!”
Carol Gattaz, a capitã do time feminino de vôlei do Minas Tênis Clube, também se pronunciou em vídeo no Instagram. “Se a sua opinião oprime, mata e limita o outro de existir, você não é livre para expressá-la, é crime, tá na lei”, disse a capitã.