Em junho de 2013, o Brasil se deparou com uma série de protestos, em todas as regiões do país, que buscavam deixar evidente a insatisfação da população com o rumo político da nação. O que chamou a atenção dos pesquisadores foi o uso das redes sociais como método de mobilização, sendo usado para organização dos protestos, troca de informações em tempo real e para publicação de posicionamentos políticos.
As ruas da Espanha também viram a população se manifestar em grandes protestos chamados de Movimento 15-M, ou Movimento dos Indignados da Espanha, que tomou o país em 2011, gerando um debate acerca da crise econômica e representatividade política. O protesto tinha as mesmas características das Jornadas de 2013, no Brasil: o uso da internet impulsionando o movimento. O protesto rendeu a fotografia de um cartaz escrito “Nossos sonhos não cabem nas urnas”, inspirando o título do livro recém lançado pela professora e pesquisadora Marina Magalhães.
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Marina publicou na última sexta-feira (22) o livro “Nossos sonhos não cabem nas urnas: a crise da política e o net-ativismo”, fruto de sua pesquisa de doutorado, onde ela aborda como a internet e as redes sociais se relacionam com o ativismo e a política. Ela analisa que as redes possibilitam um novo modelo de comunicação, sem hierarquias, com novas formas de organização e ação social entre humanos e a tecnologia.
A pesquisadora, que também é colunista do Termômetro da Política, utiliza o termo “net-ativismo” para definir ações que nascem na internet e redes sociais, que podem ser produzidas por humanos ou robôs. “As pessoas se reúnem em forma de redes de colaboração e nas redes da internet, conectando-se não apenas com outras pessoas, mas com novas formas de inteligência, como as redes Facebook, Twitter, YouTube e Instagram, plataformas diversas, aplicativos como WhatsApp e GPS, algoritmos, robôs e até vírus de computador”, explica a pesquisadora.
A frase “Nossos sonhos não cabem nas urnas” também define bem o que seria o net-ativismo, já que faz uma síntese sobre a recusa de uma representação política tradicional e a reivindicação de uma participação mais ativa nas decisões da nação.
Segundo Marina, o livro é acadêmico, mas para além dos muros da academia, ele pode interessar aos rebeldes, inconformados, ativistas de rua – ou de sofá, e aos próprios usuários das redes sociais que queiram refletir sobre a relação entre política e internet. Apostando na viralização, o livro pode ser baixado de forma gratuita no site da editora Marca de Fantasia.