O I Fórum Anticorrupção, realizado nessa quinta-feira (9) pela Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), teve com um dos palestrantes o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Fábio George da Nóbrega, que entre outros assuntos, falou dos impactos econômico, social, cultural e institucional que a corrupção gera ao país.
Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentada pelo procurador, o Brasil perde todos os anos de 1% a 4% do PIB (Produto Interno Bruto) em decorrência da corrupção. “A Fiesp em São Paulo chegou a 2,3% do PIB perdido, o que significaria algo próximo a R$ 200 bilhões todos os anos. Se conseguíssemos reduzir a corrupção em 10%, aumentaria a renda per capita dos brasileiros em 25 anos, em 50%, segundo dados da FGV”, afirmou.
Fábio George disse que se evitado, o prejuízo anual com a corrupção geraria para cada brasileiro cerca de R$ 800,00 ou R$ 3.200 para cada grupo familiar, formado por quatro pessoas em média, isso em um cálculo aritmético. “Dessa forma, o Brasil duplicaria o orçamento federal da saúde e da educação, ao mesmo tempo, uma das políticas públicas mais fundamentais que podem melhorar significativamente a vida do nosso povo”, acrescentou.
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Segundo o procurador, a corrupção no Brasil causa um impacto social significativo. “A nossa força econômica não se sustenta nos índices sociais que garantam a qualidade de vida do cidadão brasileiro. O IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] que analisa a renda per capita média, a expectativa de vida e de estudo mostra que o nosso índice é muito próximo daqueles países menos desenvolvidos do mundo, do que dos mais desenvolvidos”, assegurou.
A saúde e a educação, conforme Fábio George, lideram os desvios de recursos e estimativas mostram que quase 25% dos recursos repassados pelo governo federal para estados e municípios são desviados. No aspecto cultural, a corrupção também gera uma crise de valores. “Quando a corrupção é sistêmica, quando as pessoas veem essa prática arraigada no país e o sistema de controle não consegue evitar, o sistema punitivo não consegue aplicar sanções adequadas, as pessoas acabam se desestimulando no sentido do cumprimento da lei”, completou.
“O pior impacto da corrupção é, sem dúvida, o institucional, e nesse quadro as pessoas não querem participar de qualquer atividade política, seja na associação de bairro, sindicato ou organização não governamental. O impacto de uma corrupção generalizada, não combatida de maneira adequada, se institucionaliza e as pessoas passam a ter uma sensação de descrença na própria democracia”, pontuou.
Para Fábio George, a corrupção é um fenômeno muito complexo que precisa ser tratado junto com outras questões fundamentais. “Se nós não avançarmos nessas outras questões, como na educação, não vamos avançar no combate à corrupção. Onde a corrupção é baixa, a educação é alta, a democracia tem qualidade e é forte”, finalizou.
Fonte: CMJP