Em resposta à reportagem publicada pelo Termômetro da Política a respeito dos vereadores de João Pessoa que ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra covid-19, a assessoria jurídica do parlamentar Tarcísio Jardim (Patriota) pediu direito de resposta (leia a íntegra no final da matéria) alegando que ele não completou seu esquema vacinal por orientação médica, pois teria apresentado “problemas adversos consideráveis após a aplicação da primeira dose”.
Na reportagem assinada por Grace Vasconcelos, outros dois vereadores também não estão com esquema vacinal completo: Bosquinho (PV) e Carlão pelo Bem (Patriota). A matéria teve como base os dados apresentados pelo Portal da Transparência da Prefeitura Municipal de João Pessoa. Inicialmente, o vereador Tanilson Soares (Avante) também aparecia como não vacinado com a dose de reforço, no entanto, conforme documento apresentado por sua assessoria, Tanilson tomou a segunda dose da vacina Janssen logo no primeiro dia em que foi disponibilizada e a matéria foi corrigida.
Ontem (26), em contato com a reportagem, Tarcísio Jardim confirmou que não tomou e não vai tomar a segunda dose da vacina da Pfizer. O vereador argumentou ter um laudo médico contraindicando a segunda dose. Nesta quinta-feira (27), junto ao pedido de resposta, o advogado do parlamentar apresentou o laudo assinado pelo pediatra Giordano Targino (CRM 6199-PB).
Em seu pedido de direito de resposta, o vereador confronta dois pontos da reportagem publicada. Sobre o atraso na primeira dose, a assessoria jurídica é imprecisa ao dizer que “a vacinação para pessoas acima dos 35 anos só se iniciou no final do mês de julho de 2021”. A verdade é que a Prefeitura de João Pessoa liberou a vacinação para a faixa etária do vereador no dia 15 de julho de 2021. Na época, e com atraso, Tarcísio Jardim colocou a culpa no sistema para agendamento, no entanto, milhares de pessoenses se vacinaram no mesmo período em que o vereador disse não ter conseguido agendar a vacinação.
O segundo ponto questionado diz respeito ao atraso no esquema vacinal. A assessoria jurídica alega que “o Vereador Tarcísio Jardim não tomou a segunda dose da vacina em questão por contraindicação médica”. De acordo com o documento enviado, o parlamentar apresentou taquicardia por mais de duas semanas após a primeira dose da vacina. O texto afirma que “foram feitos diversos exames para identificação da causa.” Rômulo Santana, advogado do vereador, explica a questão dos exames cardiológicos: “Foram feitos exames antes e após que demonstraram não haver enfermidade cardíaca. Assim, constatou-se que a arritmia ocorreu apenas naquele período de 15 dias posteriormente à primeira dose.” O vereador se nega a apresentar os exames.
O documento diz ainda que “conforme laudo médico de profissional especialista, concluiu-se pela contraindicação médica de utilizar a segunda dose vacinal contra COVID-19, tendo em vista a possibilidade real de causar reação ameaçadora à integridade física e à vida do parlamentar.”. Apesar de o vereador ter apresentado arritmia cardíaca, o especialista citado na resposta da assessoria jurídica do parlamentar não é cardiologista, mas pediatra, conforme dados do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB).
O laudo assinado pelo médico Giordano Targino no dia 28 de dezembro de 2021 atesta risco de “reação ameaçadora à vida”. A gravidade apontada pelo pediatra do vereador Tarcísio Jardim confronta a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Sociedade Brasileira de Infectologia, ambas favoráveis à vacinação com o imunizante Comirnaty, da Pfizer/BioNTech.