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Alunos do Liceu Paraibano desenvolvem projeto para iluminar o Ponto de Cem Réis com energia solar
Grace Vasconcelos - sob supervisão de Felipe Gesteira
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Protótipo do projeto desenvolvido pelos estudantes para iluminar o Ponto de Cem Réis a partir de energia solar fotovoltaica (Foto: Divulgação)

As noites do Ponto de Cem Réis e a estátua de Livardo Alves podem ficar mais iluminadas em breve. Essa é a ideia inovadora de um grupo de estudantes do Liceu Paraibano, que desenvolveram o protótipo de uma nova iluminação pública com a cara e ritmo da Paraíba: uma base com desenhos em xilogravura que seguram uma estrutura em formato de pandeiro com placas de energia solar, que seriam responsáveis por iluminar a praça. O produto rendeu o primeiro lugar do edital Ouse Criar e garantiu R$ 10 mil para a equipe.

O projeto foi desenvolvido pelos estudantes do ensino médio Débora Suellen, Arthur Veríssimo, Luis Filipe Ventura, Vinícius Mendes, que tiveram coordenação da professora mentora Larissa Vasconcelos, com apoio da professora Sueli Barreto, do Centro Educacional de Inovação de Tecnologia da Paraíba (INOTECH), e de Jefferson Passos, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

A ideia vai além de entregar uma nova iluminação para a praça, mas tem por objetivo criar um monumento, afirma a professora Larissa Vasconcelos. O produto prevê a criação de um novo ponto turístico no Centro Histórico, que geraria renda para trabalhadores e moradores da região. A equipe foi financiada pelo edital Ouse Criar, promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq) e pela Secretaria de Estado da Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba (SEECT), por meio do Governo do Estado da Paraíba.

O edital Ouse Criar responsável por apoiar o projeto é uma edição especial. Ele incentivou professores e estudantes do Ensino Médio de sete escolas estaduais localizadas nos arredores do Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, no Centro Histórico de João Pessoa, a desenvolverem ideias inovadoras para a região.

Energia limpa e sustentável

A estrutura tem o formato de um pandeiro, que abriga placas fotovoltaicas, capazes de transformar a luz do sol em energia elétrica para iluminar o Ponto de Cem Réis. A base do protótipo contém cactos, com a estética das xilogravuras da literatura de cordel. O produto recebeu o nome de Po.En.Te Cultural, uma sigla para Ponto de Encontro Tecnológico Cultural.

Equipe responsável pelo projeto (Foto: Divulgação)

Os estudantes decidiram utilizar a energia solar, uma energia renovável e limpa, após identificarem a alta incidência solar em João Pessoa. “Achamos apropriado um projeto de iluminação pública inovador com geração de energia renovável. Estamos no meio de uma crise e precisamos de soluções inovadoras para dar conta das nossas demandas”, afirmou a mentora da equipe. O formato de pandeiro foi escolhido pela equipe por ser característico da cultura paraibana, e faz referências a tantos da música do nosso estado, como o cantor Jackson do Pandeiro e o compositor Livardo Alves.

O compositor e jornalista Livardo Alves é a icônica figura sentada em um banco no Ponto de Cem Réis, uma estátua que observa os centenas de pedestres que passam todos os dias na praça. Suas composições estão bem vivas na memória musical brasileira, porque todos conhecem a sua famosa “Marcha da Cueca” e cantam a plenos pulmões quando é carnaval: “eu mato, eu mato, quem roubou minha cueca pra fazer pano de prato.”

O Poente Cultural foi pensado para iluminar a estátua de Livardo, mas segundo a mentora da equipe, a ideia pode ser ampliada e outras unidades podem ser espalhadas pela praça e em outros locais do Centro Histórico, desde que estudos técnicos possam garantir luz solar ao longo do dia para todos esses espaços.

Segundo Larissa Vasconcelos, o Ponto de Cem Réis também tem uma história riquíssima, mas que foi esquecida ao longo do tempo. Ela explica que o lugar era a “Pequena África”, um lugar onde pessoas escravizadas recém libertas, pobres e pequenos comerciantes, utilizavam para fazer comércio, se tornando um espaço cultural e ligado à ancestralidade negra.

“Os nossos alunos ficaram impressionados, do ponto negativo, com o abandono do lugar”, afirmou a professora Larissa Vasconcelos. Ela recorda que os alunos identificaram na praça uma grande vocação para se tornar uma área de socialização e convivência. Os estudantes identificaram no Ponto de Cem Réis um lugar com déficit de iluminação e, com um produto que suprisse essa necessidade, poderiam transformar a vida das pessoas ao redor.

A estudante Débora Suellen, de 17 anos, afirma que a sua relação com o Centro Histórico mudou após o programa, agora ela enxerga a região com muita história e potencial. Ela explica que o Poente Cultural vai ampliar a circulação de pessoas na região e aumentar a sensação de segurança.

Para construir o produto, a equipe fez uma imersão no Centro Histórico, realizando visita técnica no turno da manhã e noite, aplicaram questionários para transeuntes, moradores e trabalhadores da região, e se encontram com pesquisadores de diversas áreas temáticas da Universidade Federal da Paraíba, como História, Turismo e Engenharia.

O projeto foi encaminhado para a incubadora do Parque Tecnológico Horizontes de Inovação e aguarda por investimento para que a ideia saia do papel. A mentora Larissa Vasconcelos garante que a possibilidade de ver o projeto ganhando forma deixou os alunos ainda mais animados com o programa.

Ouse Criar – Edição Parque Tecnológico Horizontes de Inovação

O edital Ouse Criar – Edição Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, publicado em agosto de 2021, incentivou alunos e professores de escolas estaduais do Ensino Médio a desenvolverem sistemas ou produtos que pensem a solução de problemas reais do Centro Histórico e dos arredores do parque, guiados pelas seguintes temáticas: Patrimônio Histórico, Mobilidade Urbana, Iluminação Pública, Habitação, Economia, Turismo Sustentável e Segurança Pública. O tema de cada equipe foi definido por sorteio, entregando Iluminação Pública para a equipe vencedora do Liceu Paraibano.

Sete professores deveriam ficar responsáveis por cinco estudantes cada, e participaram do programa como tutores. Cada escola selecionou equipes para representá-la, apoiados por bolsas de incentivo durante seis meses. Os professores e estudantes receberam bolsas mensais nos valores de R$ 800 e R$ 300, respectivamente, pagas pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq). A equipe vencedora levou R$ 10 mil para que a escola invista em equipamentos multimídia.

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