A transformação de Chão Bravo em Cidade Grande é contada pelo escritor cearense João Matias, radicado na Paraíba, que lançará amanhã (14) o livro “Os Santos de Chão Bravo”, em João Pessoa. A obra é formada por nove contos, conectados por um mesmo universo, um lugar fictício chamado Chão Bravo, e conta a história de uma comunidade de trabalhadores invadida por imigrantes de outros países, até se tornar Cidade Grande. O lançamento contará com a presença da escritora Maria Valéria Rezende, na cervejaria Recanto da Cevada, no bairro dos Bancários, às 18h30.

Os nove contos entregam aos poucos a história do modo como Chão Bravo se tornou Cidade Grande, após ser tomada por imigrantes. Os personagens vivem conflitos agrários, sociais e políticos, direta ou indiretamente, influenciados pela transformação em Cidade Grande e sob uma memória do que pode ter sido a comunidade de Chão Bravo, explica o escritor João Matias. Essas relações são violentas, áridas, perversas e com vários anseios.

“Vale observar que, embora os contos possam ser lidos em separado, todos os contos também podem ser lidos em conjunto para que faça sentido na cabeça do leitor a lenta transformação de Chão Bravo em Cidade Grande”, explica o escritor.

O autor João Matias afirma que o universo de Chão Bravo é uma mistura de realidade com ficção. O ambiente é inspirado nas vivências do seu pai, em uma cidade que foi tomada por imigrantes italianos, no interior do Ceará. Mas também foi inspirada pelo livro “Vasto Mundo”, da escritora Maria Valéria Rezende, o “Cante Lá que Eu Canto Cá”, de Patativa do Assaré, e o poema “The wild swans at coole”, do irlandês W.B Yeats. Outros universos fictícios também inspiraram sua obra, como os escritos por Guimarães Rosa, Ronaldo Correia de Brito e Moreira Campos.

“Meu pai morou em um lugar que, aos poucos, foi tomado por imigrantes italianos, no interior do Ceará, provocando um impacto na convivência das pessoas naquela localidade. Questões agrárias alimentadas por décadas são fruto deste processo que entendo como de “colonização” de rincões brasileiros”, afirmou o autor.

O livro foi escrito há três anos, em janeiro de 2019, enfrentou uma pandemia e várias novas versões. O livro passou pela mão de diversos autores críticos e premiados, como Wander Shirukaya, Isabor Quintiere, Thiago Lia Fook, Roberto Menezes, Joedson Adriano, Eduardo Sabino, o que gerou novas edições da obra a cada leitura. O livro também tem prefácio de Bráulio Tavares e orelha escrita pelo autor angolano Pepetala.

“É um processo demorado e árduo este da escrita literária: é preciso esperar o texto maturar como se fosse um vinho, fazer-lhe esquecer das palavras e depois voltar a elas. Sempre com muita atenção, zelo e rendendo infinitas revisões”, reflete o escritor.

Na Paraíba, o público pode adquirir o livro nos lançamentos que acontecerão em João Pessoa e Campina Grande. Amanhã (14), o lançamento será na Capital, no Recanto da Cevada, Bancários, às 18h30, com a presença das escritoras Maria Valéria Rezende, Luísa Gadelha e de Roberto Menezes. Em Campina Grande, o lançamento acontecerá no dia 21 de maio, às 16h, no Museu dos Três Pandeiros. Os livros também podem ser adquiridos pelo site da Editora Caos e Letras.

Sobre o autor 

João Matias nasceu em Juazeiro do Norte (CE), mas é radicado em João Pessoa (PB). Escritor, sociólogo e professor. É doutor em sociologia e professor na Universidade Estadual da Paraíba (PB). Como pesquisador, publicou, junto de Wander Shirukaya a coletânea Diacronia: ensaios de comunicação, cultura e ficção científica (2015), pela Editora Marca de Fantasia. Tem publicado o livro de contos O Lugar dos Dissidentes (2019) pela Editora Escaleras, dentre outros. Possui contos publicados em antologias diversas, sendo um dos editores da Revista Blecaute de Literatura e organizador do Encontro de Literatura Contemporânea, na cidade de Campina Grande (PB). Como roteirista, possui roteiros adaptados aos quadrinhos, tendo também atuado junto ao argumento do longa-metragem brasileiro O Nó do Diabo, dentre outros trabalhos. Faz participações no podcast Lavadeiras do São Francisco, sobre literatura, e mantém textos sobre literatura e cultura junto ao site LiteraturaBR.

Serviço:

Os santos do chão bravo (Caos e Letras, 2022), de João Matias

134 páginas 

Onde: Recanto da Cevada

Endereço: Rua Bancário Waldemar de Mesquita Accioly, 53 – Bancários, João Pessoa.

Horário: 18h30