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Período eleitoral pode provocar aumento de casos de infarto e AVC, alerta cardiologista
Termômetro da Política
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Valério Vasconcelos comenta estudo realizado nos EUA e avalia possibilidade de cenário semelhante ocorrer no Brasil polarizado (Foto: Rizemberg Felipe/Divulgação)

A polarização política deixa o cenário eleitoral acirrado e também produz efeitos negativos para a saúde da população. Um estudo realizado nos Estados Unidos, por exemplo, mostra que as eleições presidenciais estão relacionadas a um aumento nas internações por infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. Será que existe a possibilidade de cenário semelhante ocorrer no Brasil, cujo panorama político está polarizado entre as pré-candidaturas do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)?

Publicado em abril deste ano no Journal of the American Medical Association (Jama), que é considerado um dos periódicos mais respeitados da área, o estudo “Association of the 2020 US Presidential Election With Hospitalizations for Acute Cardiovascular Conditions” repete outra investigação feita pelo mesmo grupo de médicos e pesquisadores nas eleições de 2016.

O pesquisador e cardiologista Valério Vasconcelos explica que, no estudo realizado nos Estados Unidos, os pesquisadores observaram uma relação entre o estresse de escolher um novo presidente e o crescimento de episódios de doenças cardiovasculares agudas. “Houve um aumento de 17% na taxa de hospitalizações por doenças cardiovasculares agudas, como infarto, AVC e complicações da insuficiência cardíaca logo após o pleito de 2020, que consagrou Joe Biden e acabou com o sonho de Donald Trump de ser reeleito”, afirma. A pesquisa nos Estados Unidos analisou o período de cinco dias após as eleições presidenciais estadunidenses.

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Conforme o cardiologista, o período eleitoral, seja na campanha, seja após o pleito, pode impactar o coração das pessoas, sim, principalmente daquelas que se apaixonam pelas discussões políticas ou que vivenciam toda a agenda dos candidatos de perto. Um dos motivos é o efeito do estresse no organismo.

“O cortisol é o hormônio liberado para preparar nosso organismo quando estamos em situação de perigo. Ele mantém a pressão arterial e diminui a queima calórica para poupar energia quando a pessoa está em uma situação de risco. O problema é que nosso corpo não sabe diferenciar situações de risco reais e imaginárias”, comenta.

Mas por que isso ocorre? Quando estamos sob muito estresse, o organismo entende que há perigo e acaba liberando hormônios, como o cortisol e a adrenalina, na corrente sanguínea. Assim, quando há um caso de estresse crônico, o excesso de cortisol pode dar origem a quadros de doenças como diabetes e hipertensão arterial.

“Se a pessoa tem uma placa de gordura grudada na parede de uma artéria que bloqueia em torno de 20% a passagem do sangue, todas as alterações provocadas pelo estresse de um resultado eleitoral, por exemplo, podem contribuir para que essa obstrução fique ainda mais grave”, acrescenta o cardiologista. “O aumento da pressão arterial deixa o vaso mais apertado e aquela placa de gordura instalada na artéria pode se romper. Para tentar reparar o dano, as células do sangue coagulam e formam um trombo, que fecha 100% da artéria, ocasionando um ataque cardíaco (infarto) ou derrame cerebral”, diz.

Candidatos devem fazer check-up

Valério Vasconcelos também recomenda que os candidatos a cargos eletivos façam um check-up com um cardiologista, para conseguir encarar a maratona eleitoral de muitos quilômetros de estresse, pouco sono e má alimentação (inclusive com direito a buchada e café da manhã na feira).

“É muito importante que o candidato esteja em dia com seus exames, principalmente se já tiver fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Alimentação inadequada, falta de atividade física, noites sem sono e embates políticos são comuns nesse período e podem gerar problemas de saúde ou agravar os já existentes. Por isso, no mínimo, é bom conferir taxas de colesterol, pressão arterial e níveis de glicose no sangue”, orienta. “Pensar em alianças políticas é necessário, mas os pretensos candidatos também precisam ficar atentos ao próprio coração nesse momento, afinal, caso sejam eleitos, imagino que queiram chegar até o fim do mandato com saúde”.

Como forma de prevenção de problemas cardiovasculares, além do check-up, o cardiologista dá algumas orientações, que servem para eleitores, cabos eleitorais e candidatos. “É importante também procurar gerenciar o estresse, tratar os fatores de risco como pressão arterial, diabetes, colesterol elevado, parar tabagismo, controlar o peso, manter a atividade física e se desligar um pouco das redes sociais”, afirma Valério Vasconcelos.

Curiosidades que servem de alerta

  • Em 2020, o prefeito de Passa Quatro-MG, Antônio Claret Mota Esteves (PV), que concorria à reeleição, sofreu um infarto na véspera do pleito. Ele venceu a eleição com 60,8% dos votos, mas morreu após ficar 14 dias internado;
  • Também em 2020, o ex-prefeito de Canavieiras-BA, Almir Melo (MDB), morreu vítima de um infarto fulminante. No dia anterior, ele havia confirmado a candidatura para tentar retomar a prefeitura da cidade;
  • Em 2018, um eleitor de 70 anos passou mal na fila de votação e morreu na cidade de Valença-PI. Ele havia acabado de chegar ao local, quando disse que estava sentindo falta de ar;
  • Em 2014, o empresário Carlos Costa, que era candidato a deputado federal pelo PRP do Espírito Santo, passou mal e foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Coronariana, com quadro de infarto agudo do miocárdio;
  • Em 2012, o candidato do PT a prefeito de Penaforte-CE, Zé Wildes, sofreu um infarto na madrugada do Dia D das eleições. Ele sofria de problemas cardíacos e não resistiu;
  • Em 1998, um eleitor de 42 anos morreu em Salvador-BA após sofrer um ataque cardíaco quando aguardava a vez de votar.

Fonte: Assessoria de imprensa

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