Anna Karênina é um romance denso, escrito por um escritor célebre, há mais de um século. Apesar do protagonismo estar na personagem homônima ao livro, outras figuras complexas aparecem na história para formar o que é considerado um dos maiores romances da literatura. O livro também aborda questões feministas e políticas, que continuam em pauta no século atual. Os pesquisadores Luísa Gadelha e Astier Basílio se reúnem com outros leitores para debater o romance, em uma roda de conversa no próximo sábado (18), na Casa Furtacor, em João Pessoa.
“Eu falarei sobre como a obra me impactou na primeira leitura, aos 20 anos de idade, e como me impacta hoje, enquanto estudiosa do feminismo. Obviamente, também queremos enriquecer nossas leituras ouvindo a perspectiva dos demais leitores que também participarão do evento”, afirma a pesquisadora Luísa Gadelha, que também é colunista do Termômetro da Política.
Anna Karênina foi escrito pelo russo Leon Tolstói e publicado em 1887. Para muitos leitores, a obra é um dos maiores romances já escritos e a pesquisadora Luísa Gadelha, doutoranda em Estudos Literários e Feministas, concorda com a afirmação. “É uma obra-prima”, define ela. Tolstói alcança esse título ao construir personagens complexos, trazendo aspectos da sociedade russa da época e abordando assuntos sensíveis, para o século 19 e ainda hoje, como o adultério e a reforma agrária, exemplifica a pesquisadora.
Luísa faz dois paralelos com a atualidade: o primeiro, com a protagonista Anna Karênina, e o modo como ela confronta a sociedade e as questões feministas que surgem ao enfrentá-la, por meio da maternidade, casamento, adultério, divórcio e a emancipação feminina.
O segundo ponto que ela destaca é o personagem Konstantin Levin e seu protagonismo na obra. Levin é um personagem que, antes da Revolução Russa, tem suas próprias ideias sobre a coletivização de terras e o valor do trabalho, como camponês e dono de pequenas terras. A pesquisadora afirma que essa também é uma temática atual, quando colocamos em discussão a reforma agrária.
Astier Basílio, escritor, tradutor e pesquisador de literatura russa, que está retornando da Rússia após três anos para passar uma temporada no Brasil e rever família e amigos na Paraíba, também estará presente no evento. O pesquisador afirma que é a primeira obra que lê do escritor Leon Tolstói, segundo ele, o que mais chamou sua atenção foram os eventos rápidos e o senso de arquitetura do autor, como existem vários núcleos na obra e como nada está por acaso.
O pesquisador também acredita que a obra se relaciona com o presente, mas destaca que algumas convenções e leis se perderam com o tempo. Porém, alguns sentimentos são mantidos na nossa sociedade, como a paixão e o julgamento. Ele também destaca que na época da publicação, outros livros com o mesmo tema também foram escritos, o que demonstra que o adultério feminino rondava a fantasia dos escritores, afirmou Astier Basílio, lembrando de Dom Casmurro (1899), escrito por Machado de Assis e Madame Bovary (1856), do francês Gustave Flaubert.
A roda de conversa será realizada às 17 horas, na Casa Furtacor, localizada no bairro de Manaíra em João Pessoa.