O presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), Roberto Germano, denunciou, por meio de suas redes sociais, o uso político por parte de grupos extremistas de direita no estado em evento da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o Encontro Unificado 2022, que começa nesta segunda-feira (17), em formato on-line, e que teria a participação do pesquisador paraibano como palestrante na abertura, assim como representante da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia da Paraíba. Após as manifestações da extrema direita como prenúncio de uso político do evento, Roberto Germano recusou o convite.
Em nota, Roberto Germano rechaçou com veemência a conversão de antemão da proposta do evento e se posicionou “contra toda e qualquer tentativa de associação de minha figura, e da instituição que represento, ao reacionarismo e ao preconceito que hoje têm instaurado uma atmosfera de insegurança na nossa comunidade acadêmica”, disse o presidente da Fapesq.
Também por meio de nota, a UFPB declarou que “não estimula, acolhe ou admite manifestações político-eleitorais em quaisquer de seus espaços ou unidades, registrando todo evento ou incidente desta natureza, noticiando ao Tribunal Regional Eleitoral a fim de que possa tomar as providências cabíveis e responsabilizar os envolvidos”. No mesmo texto, a instituição frisa que, “caso necessário serão tomadas medidas administrativas no sentido de apurar responsabilidades de membros da comunidade acadêmica envolvidos em eventuais atos dessa natureza.”
Venho por meio deste, como presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba-@fapesq_pb e, acima de tudo, como cidadão brasileiro — comprometido e extremamente preocupado com os rumos atuais da democracia no Brasil —, declinar publicamente ao convite do X Encontro Unificado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no qual participaria na abertura como palestrante e representante da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia da Paraíba.
Diante do lamentável uso político do evento pela extrema-direita no estado — convertendo, de antemão, um encontro voltado para o necessário debate sobre as pautas da inovação e tecnologia, em mais uma mobilização em prol do atraso cultural e do negacionismo científico —, é meu papel rechaçar veementemente tais ações e me posicionar contra toda e qualquer tentativa de associação de minha figura, e da instituição que represento, ao reacionarismo e ao preconceito que hoje têm instaurado uma atmosfera de insegurança na nossa comunidade acadêmica.
Tenho quase 50 anos de história na UFPB, de estudante do Colégio Agrícola ―Vidal de Negreiros a docente e pesquisador, e nunca antes, desde a redemocratização do país, presenciei um contexto de tamanho descrédito da ciência e do papel do ensino superior na sociedade, alinhado a um regime autoritário insuflado pelas mesmas forças e ações que ora tentam desmoralizar nossa história, num projeto que parece claramente voltado para o sucateamento de um patrimônio que todos deveríamos proteger. São demonstrações flagrantes de ameaça ao livre-pensamento e ao compromisso com uma educação gratuita e de qualidade, garantias fundamentais de nossa Constituição. A Fapesq e eu sempre estaremos ao lado do progresso e dos avanços sociais. Nunca do retrocesso ou do ódio.
Atenciosamente,
Roberto Germano Costa