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Programa no YouTube reúne pesquisadores para discussão sobre cultura do ódio e eleições
Termômetro da Política
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Para debatedores, cultura do ódio no Brasil é anterior ao período eleitoral (Foto: Reprodução/YouTube)

A cultura de ódio está presente no Brasil e mais evidente ainda neste período eleitoral. Para discutir a questão, o canal Social em Foco reuniu professores, pesquisadores e articulistas para um debate, transmitido ao vivo nessa quarta-feira (19) por meio do YouTube e disponível permanentemente na plataforma.

Conduzido pelas professoras e pesquisadoras Beth Alcoforado, da Universidade de Pernambuco (UPE), e Marcela Silva, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o programa teve como convidados o professor e pesquisador Rodrigo Freire, diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Michel Saturnino Barbosa, professor de Geografia na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); e Anderson Pires, publicitário, articulista nos sites Termômetro da Política e Pragmatismo Político, e autor do recém-lançado livro Ele não vai gostar de ler (2022, 242p, Editora Termômetro).

Em sua fala de abertura, o professor Rodrigo Freire ressalta a necessidade de um enfrentamento contra essa nova direita para que a democracia seja preservada.

“Depois de 2013 você começa a ter isso muito focalizado, esses discursos recorrendo à intervenção militar com interpretação bastante peculiar e equivocada do famoso Artigo 142 da Constituição. Combater essa nova direita no Brasil e no mundo é seguir defendendo a democracia, a tradição dos direitos humanos. Trata-se de um movimento muito perigoso que precisa ser contido pelos democratas”, argumentou.

Michel Saturnino Barbosa acredita que a cultura do ódio sempre existiu, porém agora está mais visível. “Hoje o debate público é fomentado por plataformas e espaços que vão além da vida cotidiana, vão para a virtualidade”, e prossegue: “A violência não é recente. Há uma crescente por noticiários mais sensacionalistas. Essa cultura da violência e do ódio é parte do cotidiano. A eleição é o momento em que esse sentimento vai estar mais aflorado”, disse o pesquisador da UFRPE.

Ódio fomentado por questões civilizatórias

Para Anderson Pires, o fenômeno do ódio dentro da sociedade não é provocado pelo processo eleitoral, é fomentado a partir de questões civilizatórias, de cunho cultural e também de cunho moral.

“Essas eleições não se limitam a ser apenas um embate de posicionamentos políticos ou partidários e político-ideológicos. Nós temos na verdade muito mais uma disputa sobre um novo marco civilizatório, onde vai se aceitar que práticas que já deveriam estar completamente extintas da sociedade e do mundo voltem a ser legitimadas e aceitas pela sociedade. No caso do Brasil, com um agravante, tendo em vista que quem autorizará essas práticas, ou já vem autorizando, é o próprio presidente da República e aqueles que compõem a base do que se convencionou chamar de bolsonarismo”, alerta o publicitário.

Discussão de classe deve preceder questões identitárias

Anderson Pires traz ao debate a importância de se discutir questões de classe antes da discussão identitária. “Na hora em que você começa a debater questões como racismo, homofobia, machismo, todo tipo de segregação, e não coloca nisso a discussão classista, começa a caminhar para o campo de debate moral, onde o bolsonarismo se sente muito mais confortável. Esse campo de debate moral tem um agravante, que é principalmente em países de formação cultural e religiosa como a nossa, de forte presença e influência do cristianismo. Em 2018 isso foi ainda mais sério, se discutiu muito pouco questões realmente necessárias para a conduções do país, e tivemos debates sobre kit gay e utilização de uma mamadeira de piroca”, disse.

Para o publicitário, o debate dentro do viés moralista favorece a ampliação das desigualdades. “Dentro dessa discussão do ódio, houve uma propensão a um agravamento disso por se deixar correr dentro do viés moralista, de uma visão de discussão de questões identitárias, não tão ligadas a questões classistas e de desigualdade e, no final das contas, onde tem maior desigualdades tem mais problemas identitários”, avalia Anderson Pires.

Assista ao debate na íntegra:

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Palavras-chave
eleições 2022