Política -
MV Bill declara voto em Lula e comenta caso Roberto Jefferson na 5ª Bienal Internacional do Livro de Brasília
Termômetro da Política
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“Se fosse uma casa de uma pessoa preta ou favelada, já tinha sido fuzilada”, disse MV Bill sobre o caso Roberto Jefferson (Foto: Pc Cavera/Bilb)

Premiado músico, ator e escritor, o rapper carioca MV Bill declarou, na noite desse domingo (22), voto no candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição, enquanto participava de debate na 5ª Bienal Internacional do Livro de Brasília (Bilb), que será realizada até o próximo domingo (30), dia da votação. Ao ser questionado pela plateia, ele disse que votará “13”. Poucas horas antes, dezenas de pessoas gritaram “fora, Bolsonaro” no evento.

Outros artistas, como a cantora e compositora Céu, vencedora de três Grammys Latinos, fizeram manifestações políticas contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante apresentação na bienal, que é realizada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. Em sua participação no maior evento literário do Centro-Oeste, MV Bill mostrou e discutiu sua recém-lançada autobiografia, com o título “A Vida me Ensinou a Caminhar” (Editora Age).

Privilégio branco

O artista também lamentou o ataque do ex-deputado federal Roberto Jefferson, aliado de Bolsonaro, que nesse domingo foi transferido para a cadeia de Benfica após tentar matar policiais federais ao reagir com tiros de fuzil e granadas a uma ordem de prisão decretada pelo STF porque o ex-parlamentar insistia em desrespeitar as condições impostas para que ficasse em prisão domiciliar.

“Se fosse uma casa de uma pessoa preta ou favelada, já tinha sido fuzilada. No caso do menino João Pedro, imaginaram que uma pessoa correu para dentro da casa, e a casa foi fuzilada. Você quer saber o que é privilégio branco? Dar tiros de fuzil, tacar granadas, ter movimento na internet fazendo mobilização para que sua casa não seja invadida e continuar vivo. Isso é privilégio”, disse. João Pedro foi morto com disparo de fuzil, em 18 de maio de 2020, por operação policial que invadiu a casa dele, enquanto brincava com amigos.

Com 30 anos de carreira, Alex Pereira Barbosa, nome de batismo de MV Bill, tem postura discreta em relação à política partidária, apesar de denunciar violência e injustiças sociais em seu livro. “Sempre me isentei da política partidária, por mais que eu tenha identificação com determinada proposta. Em todas as eleições sempre quis deixar a minha arte fora disso. Nunca subi em palanque, nunca fiz campanha para ninguém”, afirmou.

Sem citar nome de Bolsonaro, MV Bill sinalizou que não quer o país comandado pelo atual presidente, ao qual ele se referiu como “situação” e que foi alvo de protestos do público da bienal no fim de semana. “Não votei neste governo atual em 2018. Não votarei de novo”, destacou o rapper, um dos maiores artistas do hip hop no Brasil e que desenvolve diversos projetos sociais.

O artista contou que, durante a crise sanitária global da covid-19, ficou desamparado, assim como o restante da população brasileira. “A pandemia foi um tiro no peito. Foi muito ruim. O que me salvou, literalmente falando, foram as pessoas”, acentuou, destacando o apoio que recebeu dos fãs principalmente por meio da internet. “Ficava estarrecido porque, mesmo durante a pandemia, a cultura estava sendo marginalizada, como já ocorria antes”.

Idolatria na política

MV Bill também criticou o fato de políticos serem tratados como “ídolo”. “Política não pode ter fama. Política tem de ter pessoas cobrando. Se a gente se transforma em fã do político, seja quem for, a gente só vai facilitar a vida deles. A gente precisa [fazer] cobrança para, em nenhum momento, ele ou ela não relaxar [no governo]”, afirmou.

O rapper disse, ainda, que nunca foi com político para determinados lugares, apesar de também já ter recebido convite para faz parte de ministério em governos anteriores. “Não aceitei porque achei que minha contribuição seria aqui, como estou fazendo agora. Já foram partidos à minha porta me convidar para ser candidato, mas, por mais que houvesse chance de ser eleito, a minha contribuição está aqui no dia a dia ou na rua”, ressaltou.

Segundo o artista, o Brasil tem dinheiro para mudar a sua história, mas, conforme acrescentou, só não o faz por falta de vontade política.

“Cada dinheiro que rouba lá é alguém que fica sem escola aqui e acaba delinquindo, indo para o caminho errado. Enquanto isso acontecer, educação, que para nós é primordial, vai continuar sendo artigo de luxo, ao qual pouquíssimas pessoas terão acesso para conseguir se formar. Parece que não nos vê com canudo de formado na mão, e nos vê com fuzil para poder dar tiro na nossa cabeça”, disse.

Fonte: Assessoria de imprensa da 5ª Bienal Internacional do Livro de Brasília

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