A praça Rio Branco, no Centro de João Pessoa, foi colorida pelas saias de chita que ali rodaram no domingo (29) com o lançamento do estandarte do bloco de carnaval das mais de 200 mulheres, entre professoras e alunas, que fazem parte da formação da 9ª edição carnavalesca das Calungas.
A manifestação cultural começou por volta das 16h com o “pocket show” das oito mulheres que compõem o grupo, e são as responsáveis pelas oficinas semanais. Entre elas, estão Juliana Ribeiro e Mel Vinagre, no naipe das alfaias; Del Santos e Priscilla Fernandes, no naipe das caixas; Monalisa Lira e Lau Capym, no naipe dos agbês; e a dupla Karla Maria e Cássia Guimarães, que são do naipe do agogô e ganzá. O momento aconteceu em frente à Cachaçaria Philipéia, próximo à praça.
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Logo após o show, o desfile de estandartes das edições anteriores tomou conta da rua. Vó Mera, Odete de Pilar e Penha Cirandeira foram algumas homenageadas, que tradicionalmente são mestras da cultura popular nordestina, seja no canto, na dança ou na música. Neste nono ano, a escolhida foi Dona Geneide, do Grupo Aruenda da Saudade, símbolo cultural da cidade de Pitimbu, localizada no Litoral Sul paraibano.
O que dizem as alunas
Ansiosas, as alunas vibravam de alegria e orgulho ao ver as suas mestras cantando e tocando. Roberta Gomes, de 56 anos, toca alfaia e compartilhou sua emoção. “Tocar no bloco das Calungas é algo singular! O amor e dedicação que nossas mestras empregam nesse projeto é tamanho, sinto-me imensamente grata a elas, porque tocar e estar naquela energia é simplesmente êxtase!”, disse ela.
Algumas mães compartilharam esse momento juntamente com suas filhas. Foi o caso de Milena, mãe de Jade, de 14 anos. “Eu sempre amei maracatu e principalmente o som do batuque das alfaia. Meu coração vibra e o corpo estremece! Quando estava grávida da minha filha Jade eu ia pra todos os grupos de maracatus de Recife com ela na barriga. E o sonho de tocar só crescia. Ano passado, em 2022, Jade já com 14 anos e agora em João Pessoa, eu soube do bloco das Calungas e amei o fato de ser só mulheres! A força do feminino nos abraçando. Logo ela me pediu pra se inscrever também e aqui estamos! Sinto uma energia pulsante em meu peito vendo hoje ela fora da barriga e ao meu lado batendo o tambor na alegria de podermos nos juntar a tantas outras mulheres e fazermos o que quisermos!”, disse. No seu instrumento, havia um coração em desenho e foi sucesso entre quem passava por perto.
Após o grande momento de revelação, professoras e alunas seguiram para a rua Duque de Caxias. As Calungas ocuparam boa parte do local, um momento que representou o protagonismo feminino no universo percussivo. Alfaias, agogôs, ganzás, caixas e agbês fizeram daquela tarde a prévia do bloco, que terá a edição de 2023 no dia 16, a quinta-feira das flores.