O início do carnaval de 2023 na capital paraibana foi repleto de folia e… política. E isso se deu, principalmente, em resposta à recente nomeação do bolsonarista Cicinho Lima (PL) para o cargo de executivo da Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba, a Secult. Os manifestantes sentiram que a presença de Margareth Menezes, artista e ministra da Cultura do Governo Lula (PT) tornaria o momento propício para reafirmar a indignação de boa parcela da classe de artistas com a escolha do governador João Azevêdo (PSB).
O Ponto de Cem Réis foi tomado por uma multidão. Questionado sobre o que representava o seu protesto no dia em que a ministra da Cultura veio se apresentar na capital paraibana, Alexandre Santos, representante do Fórum dos Fóruns da Cultura, disse que “o ato envia um recado à ministra de como está sendo configurada a pasta da cultura em nível estadual na Paraíba, em que foi colocado como secretário executivo um representante do bolsonarismo, um representante de um pensamento político, de uma prática política de destruição, de guerra e de políticas anticulturais”, defendeu. Ao lado de Alexandre, estava Antônio Sobreira, produtor cultural e palhaço que o acompanhava. Ele afirmou que Cicinho Lima não representa a classe artística.
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“Ei, Cicinho, vá saindo de fininho. A maioria do povo paraibano disse não ao bolsonarismo. Diga não [sic] ‘tb’, João Azevêdo”, dizia um dos cartazes, além do pedido de “cultura pela democracia”. Entre os foliões, estava o vereador Marcos Henriques (PT). Sobre a manifestação contra Cicinho, ele criticou a visão que o ex-presidente da República tem sobre a cultura, que é reforçada por parte de seus seguidores e considera o protesto válido. “Acredito que essa manifestação que houve aqui é porque as pessoas têm receio que um bolsonarista, ele pense cultura igual ao Bolsonaro. E isso [a forma que o ex presidente pensa a cultura] não é bom, porque Bolsonaro não pensa cultura, a cultura está delegada a um simples detalhe. Então eu acho que a mobilização que fizeram, as pessoas têm todo direito. Eu torço por ele [Cicinho], espero que dê certo, mas considero a manifestação legítima”, disse o vereador.
Durante o show da ministra da Cultura, ela saudou a vida e a democracia. “Viva a cultura e a democracia! Democracia e cultura [..] Viva esse novo momento! A gente merece viver a democracia” disse. O show também foi marcado pela celebração do respeito à diversidade religiosa através das suas letras de músicas, que são uma reverência à cultura negra e religiões de matriz africana.
Margareth cantou e dançou com muita energia. Não menos do que dona Isabel, de 76 anos, que estava na grade e muito entusiasmada com o show. “Cheguei às 19h para ficar na grade!”, comentou. Ela contou que não consegue escolher apenas uma música preferida entre as que a artista canta, que adora todas. Além dela, os foliões esbanjavam muita animação, afinal, ali marcou o início do carnaval de 2023 em João Pessoa. Em meio à chuva, eles pularam e cantaram juntos. Músicas conhecidas como “Faraó” e “Dandalunda” não ficaram de fora da apresentação. Repertórios de Gilberto Gil, Caetano e Luedji Luna também abrilhantaram a noite na voz de Margareth.
No final do show, a cantora e ministra frisou que um artista nunca anda só. “Que seja um artista só, pelo menos tem cinco pessoas trabalhando. Estamos aqui trabalhando, como trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil. Merecemos respeito […] A cultura do Brasil leva o Brasil muito longe!” Disse e em seguida, agradeceu pela noite maravilhosa.