A Defensoria Pública do Estado da Paraíba (DPE-PB) realizou na manhã dessa sexta-feira (24) uma reunião com representantes do Fórum de Mães de Autistas para ouvir denúncias sobre o suposto déficit de cuidadores nas creches municipais de João Pessoa. O encontro foi comandado pela defensora pública Fernanda Peres, coordenadora do Núcleo Especial de Defesa e Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosas (NEPED). As denúncias chegaram à Defensoria por meio da Ouvidoria-Geral da DPE.
Durante o encontro, foram ouvidas e analisadas as irregularidades relatadas pelas mães em relação à falta de cuidadores nas creches do município. Segundo elas, as pessoas contratadas pela gestão municipal para cuidarem dos seus filhos autistas não seriam suficientes para atender o número total de crianças. Além disso, os cuidadores não teriam cursos de capacitação ou formação na área, mostrando-se despreparados no trato com as crianças.
“Essas mães nos procuraram com o objetivo de tentar solucionar uma situação que, de acordo com elas, já se arrasta há algum tempo. A falta de preparo e de capacitação profissional dos cuidadores nas creches, assim como a falta de pessoal para atender os filhos autistas. Este é um direito delas e das crianças, e estamos aqui para escutar e realizar as medidas necessárias para que situações como essa não ocorram”, ressaltou a defensora pública, Fernanda Peres.
Pela Defensoria, também participaram da reunião a ouvidora-geral da DPE, Maria do Céu Palmeira, e a assessora jurídica Nathálya Lins.
Mãe de uma criança autista, Jeisekelly Araújo, ressaltou que os fatos denunciados são recorrentes e acontecem com várias crianças. “A situação é recorrente. Os cuidadores dos nossos filhos não possuem nenhum preparo e preferem ficar com as crianças ditas popularmente como normais, dar o suporte a essas crianças, ensiná-las a fazer tarefas, enquanto nossos filhos ficam ao léu, jogados na sala. Na semana passada mesmo, a cuidadora do meu filho deixou ele e uma outra criança autista num canto sala, enquanto dava atenção exclusiva para outras crianças”, apontou.
Para Geovânia Teixeira, que também participou da reunião, o problema é de extrema gravidade, pois compromete até mesmo o desenvolvimento e o aprendizado do seu filho. “Na sala do meu filho existe apenas uma professora e uma cuidadora para 25 crianças, isto é absurdo. Isso compromete, de certa forma, o aprendizado do meu filho e das demais crianças autistas. Nós estamos apenas pedindo o mínimo, o básico”, destacou a mãe.
Durante a reunião, as mães ainda relataram a dificuldade de comunicação com a Secretaria Municipal de Educação do Município para a resolução dos problemas, bem como a falta de acesso às avaliações (anamneses) dos seus filhos pela Secretaria. E, ainda, a falta de capacitação de professores e diretores para lidar com as crianças autistas.
Fonte: DPE-PB