É difícil questionar a veracidade de uma agressão diante de uma gravação, mas talvez a deputada estadual Camila Toscano (PSDB) não tenha conseguido se colocar no lugar da vítima. Nesta sexta-feira (17), um dia após a expulsão do lutador paraibano Cara de Sapato do reality show BBB 23 por ter cometido importunação sexual contra outra participante do programa, a parlamentar pôs dúvida sobre o ato de violência.
Na publicação de uma jornalista que saiu em defesa de Cara de Sapato, a deputada paraibana disse temer que “esses fatos [a importunação sexual] levem muitos a banalizar os fatos verdadeiros e que merecem ser punidos”.
A parlamentar fala como se o caso estivesse no patamar de versões a serem confrontadas. Há prova documental, registro audiovisual que mostra o lutador imobilizando a vítima. A imagem abaixo é exemplo:
A Polícia Civil do Rio de Janeiro instaurou um inquérito para investigação de Antônio Carlos Coelho de Figueiredo Barbosa Júnior, o Cara de Sapato, para o crime de importunação sexual, presente no artigo 215-A do Código Penal e que prevê que “praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro” é crime, com pena de reclusão de um a cinco anos.
Logo após a publicação desta matéria, a deputada elevou o tom, no mesmo post da jornalista, e disse que teve sua fala “deturpada”. Aqui, não foi o caso, pois a fala da parlamentar foi publicada na íntegra, com print comprobatório, sem qualquer alteração. Neste segundo comentário, Camila escreve trechos em caixa alta, como se estivesse gritando. De modo geral, se convencionou que o texto escrito com o capslock ligado representa mais que um grifo, é o “grito” nas redes sociais digitais. Pouco depois o comentário foi apagado. Confira:
Por meio de sua assessoria de imprensa, a deputada Camila Toscano enviou nota a fim de esclarecer o caso. Leia na íntegra:
A deputada Camila Toscano acredita que pode ter sido mal interpretada quando comentou sobre postagem falando dos casos de importunação sexual flagrados no Reality Show, Big Brother Brasil.
Ela diz que defende que tem de haver punição e não minimizar os casos, para não banalizar a violência sexual contra as mulheres, seja ela importunação, assédio ou estupro.
Camila Toscano tem atuação parlamentar marcada por combater a violência contra as mulheres. Na Assembleia Legislativa, a deputada é autora de leis importantes sobre o assunto. É de sua autoria a Lei 14.192/21, que estabelece regras para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher. Também é da deputada a Lei 11.857/21 que garante às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar a prioridade para atendimento no Instituto de Polícia Científica (IPC) visando à realização de exames para constatação de agressões e outras formas de violência física.
A parlamentar é autora da legislação 11.809/20, que institui o serviço de denúncia de violência contra a mulher via whatsapp; e ainda da Lei 11.391/19, que determina prioridade no atendimento e gratuidade na emissão dos documentos para as mulheres vítimas de violência doméstica.
Ainda são leis de autoria da deputada a 11.839/2021, que institui o Programa “Maria da Penha Vai à Escola” e a 11.634/2020, que estabelece que a rede privada ofereça leito separado para mães de natimorto ou com óbito fetal. Camila é autora da emenda à lei 11.523/2019, que incluiu a mulher vítima de violência nos beneficiários do programa habilitação social, assegurando alternativa de emprego e renda.
Matéria alterada às 23h47 para acréscimo do ataque da deputada à imprensa e da nota enviada pela assessoria de imprensa.