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MPF auxilia na busca por mais soluções em prol de atingidos pela barragem de Acauã na Paraíba
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Na semana em que é comemorado o Dia Mundial da Água (22 de março), o Ministério Público Federal (MPF) intermediou mais soluções em prol de pessoas atingidas por cheia inesperada da barragem Argemiro de Figueiredo (barragem de Acauã), no Agreste paraibano, em 2004. Na quinta-feira (23), foi realizada em João Pessoa reunião com o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), e lideranças do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) para discutir o andamento do Projeto Agrovila Águas de Acauã, que contempla 100 unidades habitacionais, sistema de abastecimento d’água completo, áreas para cultivo do solo e criação de animais, além de escola, campo de futebol, unidade básica de saúde, praça, centros religiosos, entre outros benefícios.

Durante a reunião, o governador João Azevêdo firmou compromisso de realizar melhorias de acesso à agrovila, como a pavimentação de alguns trechos (Foto: Comunicação/MPF)

No encontro, foram discutidos critérios para os contemplados com as moradias da agrovila, que devem ficar prontas até o próximo ano. As famílias interessadas da comunidade do Costa, consideradas as mais impactadas pela construção da barragem e de maior vulnerabilidade social, terão prioridade. Já os 32 lotes restantes serão distribuídos entre outras famílias atingidas que residem nas comunidades de Cajá, Melancia (em Itatuba-PB) e Pedro Velho (no município de Aroeiras, também na região do Agreste paraibano). Na reunião, realizada no escritório do governador, João Azevedo ainda firmou compromisso de realizar melhorias em acessos à agrovila, com a pavimentação de alguns trechos.

De acordo com o procurador da República José Godoy Bezerra de Souza, “a reunião foi bastante produtiva, pois começaram a ser definidos os critérios para alocação das famílias beneficiárias, ressaltando a prioridade para as famílias do Costa, que foram mais duramente atingidas”. O procurador acrescentou afirmando que “como restarão alguns lotes e casas, serão preenchidos por outras famílias atingidas, em critérios a serem definidos em nova reunião, a ser realizada na próxima semana entre MPF, Movimentos dos Atingidos por Barragens e Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano (SEDH)”. José Godoy também destacou a importância da política pública de reparação de grave violação de direitos humanos e que “políticas dessa natureza devem ser feitas com intensa participação dos grupos atingidos, o que vem acontecendo no caso”.  

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O coordenador do MAB, Osvaldo Bernardo, ressaltou a importância do diálogo aberto para construção de melhores soluções em prol dos atingidos e destacou que, antes mesmo da agrovila ficar pronta, alguns atingidos já estão plantando no local, promovendo, assim, a agricultura familiar. Já a secretária de Estado do Desenvolvimento Humano, Pollyanna Dutra, destacou a atenção dada pelo governo à pauta, enquanto o governador João Azevêdo ressaltou a importância do projeto como reparação histórica de direitos que foram violados. “Reuniões como esta são fundamentais para que o projeto atenda, verdadeiramente, ao que se propôs, que é a inclusão de famílias que foram atingidas pela construção da barragem”, destacou o chefe do Executivo estadual.

Além de representantes do MPF, MAB e SEDH, participaram da reunião com o governador João Azevedo o vice-governador Lucas Ribeiro; o secretário da Infraestrutura e Recursos Hídricos, Deusdete Queiroga; a presidente da Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap), Emília Correa Lima; o secretário de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento do Semiárido da Paraíba, Frei Anastácio, entre outros.

Mais sobre a agrovila

A área desapropriada pelo governo estadual para construção da agrovila, localizada na Fazenda Tanque do Milho, no município de Itatuba, Agreste paraibano, possui 328 hectares e tem valor estimado em R$ 3 milhões. Cada moradia terá dois quartos, sala de estar e jantar, banheiro, cozinha e área de serviço. Cada lote terá 1,5 hectare. O sistema de abastecimento será composto por uma estação de tratamento de água compacta, adutora de água bruta, adutora de água tratada, rede de distribuição, reservatório elevado e uma captação tipo flutuante na barragem de Acauã. O investimento total, com recursos estaduais, será de R$ 10,5 milhões.

Cheia da barragem e violações

 A construção da barragem Acauã desalojou cerca de mil famílias (aproximadamente cinco mil pessoas) das comunidades Pedro Velho, Riachão, Cajá, Costa e Melancia. O início da construção da barragem, obra do governo do Estado em parceria com o governo federal, remonta aos anos 1980. Sua fase final somente ocorreu por volta de 1999, sendo efetivamente concluída em agosto de 2002. Devido a fortes chuvas, após dois anos de construída a barragem encheu em seu nível máximo, causando danos para os moradores que ainda se encontravam dentro da área a ser alagada e provocando o deslocamento, às pressas, das famílias que viviam às margens do Rio Paraíba. Estudos realizados indicavam que demoraria, pelo menos, cinco anos para a cheia ocorrer.

A situação dos atingidos foi registrada no documentário “Águas Para a Vida ou Para a Morte?”, produzido pela Assessoria de Comunicação (Ascom) do MPF na Paraíba. O vídeo, relatando violações aos direitos humanos, chegou a ser apresentado para representantes de universidades de todos os continentes, durante a Conferência da Rede Europeia de Ecologia Política (Entittle), em Estocolmo (Suécia), em 2016.

Fonte: MPF-PB

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