As empresas paraibanas são, em sua imensa maioria, novatas no mercado. Segundo dados fornecidos pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas na Paraíba (Sebrae/PB), a média de vida dos negócios em operação no estado é de pouco mais de três anos. Segundo o especialista em Administração Marcos Leão, a alta taxa de juros praticada pelo Banco Central, hoje em 13,75% ao ano, é um dos fatores de morte precoce das empresas.
“O aumento de juros afeta diretamente as empresas de todos os portes, em especial pequenas e médias com menos capital disponível. Reduzindo a capacidade das empresas em captar recursos financeiros para custear suas operações e também investimentos. Os juros altos impactam no valor dos empréstimos e criam barreiras às empresas quanto ao financiamento para aquisição de insumos e estímulos à comercialização aos seus produtos e serviços. Além de aumentar significativamente o seu endividamento. Além disso, juros altos reduzem a demanda por serviços e produtos das empresas”, avalia Marcos Leão.
O maior grupo de pessoas jurídicas é formado pelos microempreendedores individuais (MEI), que somam 161.897 cadastros. Em seguida, com grande diferença em relação ao primeiro colocado, estão as microempresas (ME), que correspondem a 72.506 inscritos. As empresas de pequeno porte (EPP) são apenas 8.637, enquanto as demais que estão fora do Simples Nacional totalizam 6.318. Ao todo, a Paraíba está prestes a chegar a 250 mil empreendimentos distribuídos, principalmente, por João Pessoa, Campina Grande, Patos, Santa Rita e Bayeux. Vale ressaltar que parte do crescimento dos MEIs nos últimos anos está diretamente relacionado ao desemprego.
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Para Marcos Leão, além da alta Selic, a taxa básica de juros, outra causa de mortalidade empresarial é a gestão. “A vida dos negócios tende a ser ainda menor nos próximos anos porque o mundo está cada vez mais instável. Em períodos de turbulência econômica, instabilidade dos mercados globais e da aceleração nas dinâmicas de mercado, a falta de uma gestão profissionalizada torna-se o fator crítico de sucesso para a sobrevivência dessas empresas. O mercado tem mudado muito rápido, novos conceitos vão moldando a sociedade e muitos empreendedores, sem uma visão estratégica e de futuro, não conseguem acompanhar os movimentos que entregam novas e melhores alternativas às necessidades dos consumidores, tornando obsoletos os produtos, serviços e, até mesmo, modelos de negócio”, alertou.
De acordo com o professor da H. Forte Soluções Educacionais, associada à Fundação Dom Cabral (FDC), os três primeiros anos são cruciais e poderão definir a saúde dos estabelecimentos. “Os meses iniciais são o de aporte, portanto é a fase do investimento. Depois disso, é necessário gerar resultado e o desafio maior está entre o segundo e o terceiro ano. Por isso, é tão importante criar, desde o primeiro dia de trabalho, uma cultura de condução estratégica que pense à frente e não apenas no dia a dia”, orientou Marcos.
A realidade da Paraíba segue uma tendência nacional. Conforme a última pesquisa divulgada em 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menos de 40% das empresas nascidas no Brasil sobrevivem após cinco anos. O estudo mostra que, quanto maior o porte da companhia, maior é a chance de permanência no mercado.
Para Marcos, independente do tamanho da organização, os empresários precisam criar um modelo de gestão que vá além do da parte fiscal, do processo contábil e da análise do retorno do investimento para o novo negócio. “A saúde do projeto consistirá em profissionalizar a gestão e seu planejamento, implementando tecnologias que ajudem nos processos envolvendo finanças, marketing, vendas, compras, logística e distribuição. Tudo isso sem perder de vista os desafios e as oportunidades de longo prazo”, concluiu.
Fonte: Assessoria de imprensa