O binário de trânsito implementado no bairro de Intermares, em Cabedelo, tem gerado críticas da população desde que as primeiras modificações foram feitas pela prefeitura do município. O então secretário de Mobilidade Urbana e hoje deputado estadual George Morais (União Brasil) comemora a entrega da obra gestada por ele, mas não explica o motivo para tanto transtorno gerado numa área onde não havia trânsito intenso. Para o especialista em Planejamento Urbano e Gestão de Cidades, Wallace Massini, a mudança foi equivocada e amplia risco de acidentes devido ao aumento da velocidade dos veículos.
“Em Intermares, a Avenida Oceano Atlântico é bastante larga para que sejam implementadas ações que garantam mais segurança a todos, como o alargamento e a requalificação das calçadas, a implantação de faixas de pedestres mais largas e visíveis nas interseções, bem como uma ciclovia bidirecional protegida, estacionamento em 45º no lado direito da via, proporcionando maior ordenamento e segurança nas manobras”, explica Massini.
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É importante destacar que um binário de trânsito é uma configuração de ruas em que o tráfego é direcionado em duas vias adjacentes, em sentidos opostos, com o objetivo de melhorar o fluxo de trânsito e a segurança dos pedestres. No caso do binário do prefeito Vitor Hugo (União Brasil) e seu então secretário George Morais, não há rua paralela equivalente para o sentido oposto. Com isso, moradores passam a estender o percurso entre Intermares e João Pessoa a cada locomoção, ziguezagueando por várias ruas até que consigam sair do bairro.
Para Massini, outras alternativas poderiam ter sido implantadas antes do binário. O controle de velocidade 24h em toda a avenida da orla seria uma opção, por exemplo. “Da forma que foi implantado [o binário de Intermares], existe a possibilidade de desenvolver grandes velocidades nas vias, inclusive nas ruas locais por dentro do bairro que agora serão mão única”.
O especialista acrescenta que intervenções de mobilidade devem ser realizadas com embasamento técnico, estudos, análises de registros de acidentes, fluxo de tráfego e com observação ao impacto de veículos nas vias que receberão a intervenção para evitar acidentes aos pedestres, ciclistas e motoristas.
“É importante que as intervenções sejam pensadas com base na Lei de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/12) visando, principalmente, ao crescimento sustentável e ordenado das cidades brasileiras, e priorizando os meios de transportes não motorizados em detrimento dos motorizados”, finalizou.
Colaborou Laura de Andrade