Serviços de saúde, educação e segurança pública fazem parte do desenvolvimento socioeconômico do Brasil, e são financiados por meio da arrecadação dos tributos. Atualmente, a inteligência artificial (IA) pode ser utilizada como ferramenta a favor do cumprimento da legislação na fiscalização e qualidade da aplicação dos gastos públicos destas diversas áreas, por exemplo. O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), órgão responsável pela fiscalização da administração estadual e das contas dos municípios, tem estudado, junto às universidades federais da Paraíba e Campina Grande, a possibilidade de aplicar técnicas capazes de otimizar o trabalho que é desempenhado. Assim, o que era feito manualmente e de forma mais demorada será realizado de maneira rápida.
O “aprendizado de máquina”, um dos métodos de análise da inteligência artificial, se compromete em automatizar a construção de modelos padronizados para que eles decidam por si só, com ajuda humana quase nula. “Um ponto muito forte da IA é que ela é muito boa em analisar padrões complexos, como gastos e compras de um governo”, disse o professor da disciplina de Ciência de Dados e Inteligência Artificial, do Centro de Informática (CI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Yuri Malheiros. Outras aplicações do método podem ser percebidos no dia a dia, tais como as sugestões de obras cinematográficas em programas de streaming com base nas preferências de cada usuário. É um fato: não dá para voltar atrás dos avanços da inteligência artificial.
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No Brasil, a fiscalização dos recursos públicos também tem passado por readequações envolvendo a inteligência artificial. Ações que demoravam horas, ou até dias, estão no processo de automatização para que as respostas sejam fornecidas em segundos. É inegável o papel da tecnologia nestes avanços. “A inteligência artificial consegue processar bem melhor do que a gente [seres humanos]. É complicado para pessoas, mas a inteligência artificial consegue descobrir coisas, tomar decisões que seriam difíceis sem inteligência artificial”, afirmou Yuri.
O TCE-PB tem como parceira a UFPB no desenvolvimento do projeto Vanessa, que tem como objetivo “avaliar empenhos e decidir se eles seguem ou não todos os requisitos necessários” em prol de solucionar um problema. Com a IA, o sistema aprendeu a responder de forma automática ao que era feito exclusivamente de forma manual. “O sistema ainda fornece um nível de confiança das análises, então, os auditores sabem o que a IA teve mais dificuldade de analisar”, disse o professor.
A revolução no campo da tecnologia tem atribuído um importante papel não apenas ao TCE-PB, como na atuação de várias áreas ao redor do mundo. E a tendência é que cada vez mais os profissionais sejam auxiliados pelas ferramentas que possibilitam a otimização dos seus respectivos trabalhos. “A busca por acompanhamento em tempo real, o uso de dados em larga escala e automação dos processos serão grandes aliados, inclusive o uso de inteligência artificial”, disse o auditor de carreira do TCE-PB, André Agra. Mas como em todos os processos de inovação, existem dificuldades. Para Agra, é necessário contar com as possíveis falhas que possam ocorrer nos sistemas. “Em casos mais críticos a validação humana é fundamental”, disse.
Até agora, o TCE não possui um monitoramento capaz de identificar os reais resultados da IA, mas a utilização das demais tecnologias permite, para André, uma melhora significativa em diversas ações. “Quando usa-se para acompanhar em tempo real, se houver correção, no fim, a prestação de contas de uma prefeitura, por exemplo, é aprovada. Antigamente, a demora não permitia a correção do erro. Futuramente, o gestor honesto vai ficar mais seguro. A inteligência artificial vai ajudar. Hoje, a Paraíba é vanguarda nisso”, finalizou.