Uma festa no Complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, marca nesta quinta-feira (27) o lançamento da fotobiografia de Marielle Franco. Há 44 anos, nesse mesmo dia, nascia a vereadora, que construiu um legado de luta pelos direitos humanos, justiça e igualdade social. A carreira na política foi precocemente interrompida em março de 2018, quando ela e o motorista Anderson Gomes foram assassinados a tiros, no Rio.
As investigações sobre o crime tiveram novos capítulos esta semana. O lançamento do livro se junta aos esforços para manter a memória de Marielle viva e cobrar uma solução final para o caso, que já dura mais de cinco anos sem as principais respostas.
“Estratégias de preservação da memória, como o lançamento da fotobiografia, são fundamentais para continuar mantendo a pressão sobre as autoridades. Que se alcancem as respostas sobre quem mandou matar Marielle Franco e o porquê. Estratégias de memória são fundamentais para que a gente confronte as campanhas permanentes de desinformação e discurso de ódio que acontecem desde 2018 para desqualificar a luta política da Marielle”, diz Lígia Batista, diretora-executiva do Instituto Marielle.
Além do instituto, o livro é organizado em parceria com a vereadora e viúva Mônica Benício (PSOL) e a Editora Azougue Editorial. As páginas trazem discursos de Marielle, textos de convidados e fotografias inéditas ou pouco conhecidas do público em geral.
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Imagens da infância, por exemplo, mostram ela e a irmã Anielle, atual ministra da Igualdade Racial, cantando e dançando no palco improvisado em cima de uma cama. A casa ficava na Maré, lugar do qual a vereadora falava sempre com orgulho: “Sou uma mulher negra, mas tenho falado muito que, antes de reivindicar e compreender o que era ser uma mulher negra no mundo, eu já era favelada”, diz um dos trechos do livro.
Nas páginas seguintes, sobre a adolescência, as fotos mostram uma Marielle entre os 16 e 18 anos de idade em atividades na pastoral da juventude, da Igreja Católica. Mas ela logo teve de lidar com algumas contradições internas, já que outro ambiente bem diferente do religioso estava se tornando cada vez mais atrativo: “eu entro num período que estou indo muito a baile funk, sendo adolescente da favela que curte baile, torcida, farra e fugir da igreja pra ir pro baile. ‘Fazendo adolescentisse’, vamos dizer assim”, conta Marielle, em outro trecho.
“É muito importante para a gente conectar o que era e o que foi a caminhada de Marielle Franco antes da carreira na política institucional, porque essa trajetória é seguramente o que marca a agenda de prioridades dela como parlamentar. A vida enquanto ativista, a formação familiar: tudo isso traz elementos fundamentais que orientavam e guiavam a luta política dela”, diz Lígia Batista.
Todo 27 de julho, o Instituto Marielle Franco prepara atividades especiais para celebrar a memória da vereadora. Em anos passados, foi inaugurada uma estátua de Marielle no Buraco do Lume, no centro do Rio. Foi lançada uma história em quadrinhos sobre as raízes históricas da vereadora e organizou-se uma entrevista ao vivo com a cantora Elza Soares.
Agora, em 2023, no evento de lançamento da fotobiografia, na Maré, haverá uma exposição de fotos exclusivas de Marielle que, segundo o instituto, estão sendo recuperadas e armazenadas no acervo digital. Apresentações de música e poesia completam a festa.
Lançamento da fotobiografia e exposição de fotos de Marielle Franco
Atrações: Voz e violão Evy, apresentação Natalhão, Marechal e Preta QueenB Rull
Endereço: rua Bitencourt Sampaio, 181 – Maré, Rio de Janeiro
Data e horário: 27 de julho, das 18h às 22h30
Entrada Franca
Fonte: Agência Brasil