Desde 2017, o Brasil instituiu no Agosto Dourado um período de um mês para o estímulo ao aleitamento materno. Não se trata apenas da alimentação dos bebês. Os benefícios são muitos. De acordo com o Ministério da Saúde, o bebê que mama no peito recebe todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável, incluindo proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais, além de uma variedade de componentes imunológicos que ajudam a protegê-lo contra doenças respiratórias e gastrointestinais. A amamentação está associada, ainda, ao menor risco de desenvolvimento de doenças crônicas na vida adulta, como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares e ainda ajuda no desenvolvimento cognitivo para a criança.
A mãe também é beneficiada por esse processo, pois a amamentação estimula a liberação de ocitocina, um hormônio que ajuda o útero a retornar ao seu tamanho normal mais rapidamente após o parto. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, estudos mostram que mulheres que amamentam têm menor risco de desenvolver câncer de mama e ovário, osteoporose e doenças cardiovasculares. E o mais importante: a intimidade e o amor estão presentes neste ato, que envolve proximidade e cuidado, auxiliando o fortalecimento da relação entre mamãe e bebê.
Apesar de tudo isso, a amamentação pode ser um processo difícil e traumático para algumas mulheres. “O aleitamento envolve mamãe-bebê, mas para além disto, há que considerar toda uma questão social, familiar, fatores psíquicos e socioeconômicos da mulher, desde a concepção, gestação, parto e o tipo de apoio que teve durante todo este percurso tão desafiador”, lembra a psicóloga Magda Pozzobon, especialista em Terapia de Família e Casais e em Arte-psicoterapia.
Por isso, é muito importante falar do suporte familiar, que “se refere a todas as ações e auxílio que uma família pode oferecer ao familiar que necessita de apoio num dado momento, seja ela uma grávida, uma mulher que está amamentando ou qualquer outra demanda, pois estamos falando de ajudar, facilitar, tentar fazer com que essa pessoa não se sinta sobrecarregada e estressada num momento de fragilidade”, explica Magda.
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No caso da amamentação, esse suporte é imprescindível, porém, nem sempre acontece. Segundo dados do IBGE, no Brasil, o número de mães solo chegou em 11,3 milhões em 2022. Muitas não têm a presença do companheiro desde a gestação. Aquelas que contam com a presença do pai, alguém que tenha planejado e desejado a gravidez junto com elas, também, nem sempre, podem ter esse suporte. A licença-paternidade no Brasil é de apenas 5 dias pelas regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e nem todas têm mãe, sogra, parentes com quem contar.
“A rede de apoio é um conceito sistêmico. Quando a gente percebe que não há o suporte parental, a gente tenta ampliar sua rede de apoio ajudando a sinalizar quem são as pessoas que poderiam contribuir nessa hora, quem são as pessoas que poderiam auxiliar de alguma forma nos cuidados da criança, nos cuidados da casa, porque uma mãe solitária, com poucos recursos financeiros, tendo que cuidar da limpeza, da alimentação, realmente, vai preferir não amamentar. O estresse é absurdo”, afirma a psicóloga.
Então, mais do que falar dos benefícios da amamentação, o Agosto Dourado também deve ser um mês de “conscientização sobre a necessidade da participação de todo o sistema na construção de um ambiente favorável e tranquilo para que mãe e filho usufruam tudo o que naturalmente merecem, pois proteger o sistema mamãe-bebê nesta fase é um ato de amor”, conclui a Magda Pozzobon.
Fonte: Assessoria de imprensa