Ter um negócio nem sempre é fácil. Nesse processo, o apoio de quem está por perto influencia em dar um passo à frente no que pode ser um sonho – ou recuo dele. Uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e divulgada nesta segunda-feira (20) ouviu 6.942 pessoas e constatou que as empresárias nordestinas são as que mais sofrem com a desigualdade de gênero, e isso perpassa pelos afazeres domésticos. A coleta de dados foi realizada entre 27 de julho de 2023 e 1 de setembro de 2023.
Todo mundo conhece uma mulher que considera um desafio aliar a carreira profissional que sempre sonhou com a demanda de cuidar de outra pessoa, geralmente, da família. Também considerado trabalho, o cuidado realizado por tantas mães empresárias é, muitas vezes, invisível. A sobrecarga pode ser percebida em números: enquanto 70% das mulheres nordestinas que responderam à pesquisa consideram que o cuidado dos filhos influenciou muito a decisão ao abrir o negócio, 50% dos homens da mesma região levaram a questão em consideração.
O equilíbrio entre a casa e o trabalho pode ser um “peso” mais para uns, do que para outros. Quando considerada a sobrecarga para conciliar o cuidado com o negócio e dos filhos, idosos, parentes ou das crianças ao mesmo tempo, 75% das mulheres nordestinas possuem alta identificação. O número cai em relação aos homens da mesma região, que somam 54%. Ao levar em consideração se alguém já teve que deixar de fazer algo para si ou para a empresa para cuidar da família, 68% das mulheres se identificaram muito, contra 47% dos homens.
Segundo a pesquisa, as empreendedoras nordestinas dedicam cerca de 3h diárias para afazeres domésticos – o número chega a ser maior do que as mulheres das demais regiões do país. Os empreendedores nordestinos, por outro lado, dedicam 1h e 30 min, em média, para as mesmas atividades.
Para homens e mulheres de todas as regiões do Brasil que foram ouvidos pela pesquisa, o gênero feminino despende mais tempo nos cuidados da casa e família do que o masculino e, já que a dedicação é maior, elas enfrentam mais dificuldades para ter um negócio do que os homens.
A metodologia utilizada pela pesquisa foi a quantitativa, com técnica de entrevistas por telefone. O erro amostral é de 1,2% para resultados gerais. O intervalo de confiança é de 95%.
*Sob supervisão de Felipe Gesteira