O Brasil não é para amadores. Considerando os anos subsequentes ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff (PT), a linha do tempo no país serviu como verdadeira fonte de inspiração e referência para roteiristas, com a diferença que na vida real, o povo sofre as consequências. Para entender melhor o país, listamos uma série de livros que abordam, além da história, sociedade, política, economia e conjuntura.
Existem muitos livros importantes para entender a política no Brasil. Para chegarmos à lista a seguir, utilizamos também a inteligência artificial ChatGPT, da empresa OpenAI. Somando escolhas deles e nossas, listamos 8 obras clássicas e contemporâneas que tratam diferentes aspectos das relações de poder no Brasil.
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Esses livros oferecem diferentes perspectivas sobre a história política, a formação social, a economia, as desigualdades e os desafios contemporâneos do Brasil. É interessante combinar diferentes obras para obter uma compreensão mais ampla da política brasileira. Confira os indicados com suas respectivas sinopses, conforme textos divulgados pelas editoras:
Nunca será demasiado reafirmar que Raízes do Brasil inscreve-se como uma das verdadeiras obras fundadoras da moderna historiografia e ciências sociais brasileiras.
Tanto no método de análise quanto no estilo da escrita, tanto na sensibilidade para a escolha dos temas quanto na erudição exposta de forma concisa, revela-se o historiador da cultura e ensaísta crítico com talentos evidentes de grande escritor.
A incapacidade secular de separarmos vida pública e vida privada, entre outros temas desta obra, ajuda a entender muito de seu atual interesse. E as novas gerações de historiadores continuam encontrando, nela, uma fonte inspiradora de inesgotável vitalidade.
Todas essas qualidades reunidas fizeram deste livro, com razão, no dizer de Antonio Candido, “um clássico de nascença”.
Escrito quando Celso Furtado estava na universidade de Cambridge, Formação econômica do Brasil pretendia ser uma introdução à história econômica do Brasil, um afresco, como disse o autor, em que cada segmento tivesse o valor de uma sugestão. O livro foi além. Tornou-se um clássico da historiografia econômica e das ciências sociais.
A tese de doutoramento sobre a economia colonial, defendida na Sorbonne, em 1948, e o primeiro ensaio sobre a economia brasileira contemporânea, escrito no ano seguinte, são o ponto de partida do livro mais conhecido de Celso Furtado, publicado em 1959. Quando o escreveu, na Inglaterra, Furtado imaginava explicar o Brasil para os estrangeiros. Acabou explicando para os brasileiros.
O livro que se tornou um marco na historiografia econômica brasileira por pouco não existiria: o manuscrito enviado de Cambridge para a editora brasileira extraviou-se. Por sorte, o microfilme feito de última hora num equipamento precário pôde ser projetado: as quase trezentas páginas escritas à mão foram datilografadas, dessa vez com cópia.
Formação econômica do Brasil apoia-se numa visão derivada tanto da história como da economia. A combinação do método histórico com a análise econômica era, na época, uma novidade. Pela primeira vez, alguém no Brasil fazia historiografia econômica tendo uma sólida formação de economista. O texto se inicia com a análise da ocupação do território brasileiro, comparada também com as colônias do hemisfério norte e das Antilhas. Seguem-se os ciclos do açúcar, da pecuária, do ouro, a ascensão da economia cafeeira, e, no século XX, a crise da cafeicultura e a industrialização, cuja especificidade o autor trata com excepcional clareza.
Em paralelo aos cinco séculos de história econômica, Celso Furtado estuda a evolução da mão-de-obra no Brasil, desde a escravidão até o trabalho assalariado, o dos imigrantes europeus e dos migrantes internos. Na conclusão, aponta os dois desafios a serem enfrentados até o fim do século XX, que guardam plena atualidade: completar a industrialização do país e deter o processo das disparidades regionais.
Neste trabalho incontornável do pensamento social brasileiro, Raymundo Faoro se debruça sobre o tema do patrimonialismo e dos limites entre público e privado.
Em sua obra-prima, Raymundo Faoro examina quase seis séculos de história para traçar as raízes do patrimonialismo brasileiro e a formação do estamento burocrático, que se apropria dos aparatos políticos-administrativos e usa o poder público em benefício próprio. Publicada pela primeira vez em 1958, Os donos do poder utiliza conceitos da sociologia weberiana ― até então relativamente pouco difundida no país ― e converteu-se em um clássico de interpretação do Brasil, destacando-se por sua análise original e erudita.
“Pensar o Brasil passou a ser algo diferente a partir do livro clássico de Faoro.” ― Celso Furtado
“Os donos do poder é uma análise admirável do funcionalismo como fator decisivo não apenas na organização política e social do país, mas da própria unidade nacional.” ― Antonio Candido
Aliando texto acessível e agradável, vasta documentação original e rica iconografia, Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Starling propõem uma nova (e pouco convencional) história do Brasil.
Nessa travessia de mais de quinhentos anos, se debruçam não somente sobre a “grande história” mas também sobre o cotidiano, a expressão artística e a cultura, as minorias, os ciclos econômicos e os conflitos sociais (muitas vezes subvertendo as datas e os eventos consagrados pela tradição). No fundo da cena, mantêm ainda diálogo constante com aqueles autores que, antes delas, se lançaram na difícil empreitada de tentar interpretar ou, pelo menos, entender o Brasil.
A história que surge dessas páginas é a de um longo processo de embates e avanços sociais inconclusos, em que a construção falhada da cidadania, a herança contraditória da mestiçagem e a violência aparecem como traços persistentes.
Esta edição inclui novo pós-escrito das autoras, que joga luz sobre a situação recente do país: a democracia posta em xeque, os desdobramentos das manifestações populares e o impeachment de Dilma Rousseff, entre outros acontecimentos marcantes dos últimos anos.
Quem é a elite do atraso?
Como pensa e age essa parcela da população que controla grande parte da riqueza do Brasil?
Onde está a verdadeira e monumental corrupção, tanto ilegal quanto “legalizada”, que esfola tanto a classe média quanto as classes populares?
A elite do atraso se tornou um clássico contemporâneo da sociologia brasileira, um livro fundamental de Jessé Souza, o sociólogo que ousou colocar na berlinda as obras que eram consideradas essenciais para se entender o Brasil.
Por meio de uma linguagem fluente, irônica e ousada, Jessé apresenta uma nova visão sobre as causas da desigualdade que marcam nosso país e reescreve a história da nossa sociedade. Mas não a do patrimonialismo, nossa suposta herança de corrupção trazida pelos portugueses, tese utilizada tanto à esquerda quanto à direita para explicar o Brasil. Muito menos a do brasileiro cordial, ambíguo e sentimental.
No âmago da interpretação de Jessé não está a corrupção política. Para ele, a questão a partir da qual se deve explicar a história passada e atual do Brasil – e de suas classes, portanto – não é outra senão a escravidão.
Sob uma perspectiva inédita, ele revela fatos cruciais sobre a vida nacional, demonstrando como funcionam as estruturas ocultas que movem as engrenagens do poder e de que maneira a elite do dinheiro exerce sua força invisível e manipula a sociedade – com o respaldo das narrativas da mídia, do judiciário e de seu combate seletivo à corrupção.
A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição.
Palmério Dória conta tudo sobre a reeleição de FHC.
Este livro de Palmério Dória, autor do best-seller “Honoráveis Bandidos – um retrato do Brasil na Era Sarney”, desta mesma Geração Editorial, trata agora da Era FHC.
Ele compõe um painel que ajuda a entender o período civil de quase duas décadas que sucedeu ao militar e a ele não se contrapôs, aliás lhe deu sequência em vários aspectos submissão ao “consenso de Washington”, monopólio das terras e da mídia, direito à tortura, ensino mediocrizado, caldo de cultura propício ao mandonismo, impunidade dos graúdos, corrupção do milhão pra cima.
A democracia impedida: o Brasil no século XXI, obra do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, traz uma análise das etapas do processo que culminou com o impedimento da presidente Dilma Rousseff.
O livro foi escrito ao longo de 2016, ano em que se viu a polarização de opiniões entre os que acreditam na legalidade do impeachment da ex-presidente e aqueles que estão convencidos de ter havido um golpe de Estado, entre eles o autor.
Entre os pontos que fazem parte da obra estão o exame do comportamento dos eleitores às vésperas das eleições de 2014; a reeleição da presidente, as heranças do seu governo anterior e as insatisfações políticas com medidas no novo mandato; as comparações e distinções entre os eventos de 1964 e 2016; a democracia representativa, o golpe constitucional e o golpe parlamentar.
‘O tema de que trata está na essência do cotidiano do cidadão de hoje’.
“Com uma escrita que nos acolhe e agasalha, este livro de Anderson Pires reúne numa coletânea a sua crítica contundente ao ignóbil processo que levou Lula da Silva à prisão, seguida da eleição de Bolsonaro em 2018 até a confirmação da disputa entre os dois em 2022. O autor vai juntar nestas páginas uma série de crônicas, publicadas originalmente nos sites Pragmatismo Político e Termômetro da Política, onde reúne a sua experiência em comunicação e a sua carreira na militância política, numa síntese que no conjunto ganha dimensão de ensaio. Os leitores encontrarão aqui relatos sagazes do cotidiano político do Brasil, escritos por quem toma partido contrário ao conjunto de forças que elegeu Bolsonaro. Quer se concorde ou não com as opiniões do autor, o leitor encontrará aqui pistas centrais sobre a decadência do Estado brasileiro e das suas instituições”.
Raquel Varela, Historiadora, Professora da Universidade Nova de Lisboa.