Em uma tarde qualquer, um jovem arquiteto chamado João percebe uma movimentação diferente pela janela da sua oficina de marcenaria, um gás verde chega ao seu condomínio através de bimotores que uma ação quase sincronizada cobrem tudo ao redor com uma fumaça densa. O que de início parecia ser apenas uma apresentação, se mostrou o prelúdio dos dias mais difíceis da vida do personagem.
O livro Verde Gás, romance de estreia do escritor paraibano e jornalista Ricardo Oliveira, narra através do personagem João o que parece ser o fim da humanidade. O arquiteto se encontra sozinho após a invasão de um gás misterioso no condomínio fechado que ele mora no litoral de João Pessoa e de repente se depara com a morte de entes queridos e conhecidos que moravam ao lado.
Pela definição da palavra, distopia é lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação. Será que a fantasia está tão distante do nosso cotidiano?
A história é ambientada em um mundo pós-pandemia, onde questões políticas e ideológicas continuam muito latentes. Temas como fanatismo religioso, questões de raça e classe, abuso de autoridade e violência são tratados no texto com muita responsabilidade. O escritor traça paralelos que fazem o leitor refletir sobre situações que vivemos e talvez não problematizamos o bastante.
Será que deveríamos dialogar com aquele parente intolerante? Será que deixar de fazer parte de uma comunidade mais conservadora por pensar diferente não faz com que essas pessoas fiquem apenas rodeadas de colegas que endossam as suas ideias? Será que o discurso de ódio é o que realmente prevalece em comunidades religiosas?
São essas pontas que Ricardo deixa para o seu leitor em um texto que desperta a curiosidade a respeito do que levou esse gás letal a tomar conta de tudo, deixando seu rastro pela capital paraibana.
Apesar da trama envolvente o livro possui alguns erros de revisão que pela sua recorrência acabam chamando a atenção. Ninguém está isento ao erro, mas são detalhes que contam em uma opinião final sobre alguma obra. Uma vírgula esquecida ali, uma vírgula que não deveria estar em uma frase acolá. Palavras que aparecem repetidas ou erros de concordância. São detalhes que não atrapalham a trama mas que para o olhar mais atento deixam a falta de uma revisão mais detalhada.
*Sob supervisão de Felipe Gesteira