Um dos títulos vencedores do Prêmio Biblioteca Digital 2021, “Refúgio para bisões” (Matria Editora), ficção do escritor gaúcho Gabriel Eduardo Bortulini, será lançado em João Pessoa nesta quarta-feira (31), às 19h. “Me sinto muito feliz de poder publicar meu primeiro livro por uma editora nordestina e de fazer o lançamento em solo paraibano“, diz Bortulini, que estreia com uma narrativa sobre um brasileiro que tem uma ambição um tanto impossível: inaugurar um bosque com árvores europeias em pleno território nacional.
Bortulini revela que se esforçou para criar um personagem afastado do autor, que não tivesse sua idade, origem ou profissão. “Mas, na verdade, quando eu penso em Clóvis, eu vejo muito daquilo que nos aproxima. De alguma forma, ele é uma versão exagerada das minhas obsessões, de um Gabriel que poderia ter sido Clóvis, se tivesse feito uma série de escolhas diferentes”, reflete o escritor.
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Uma espécie de Quixote de adubo e regador, Clóvis, o protagonista, parte para a Alemanha depois de uma série de insucessos no campo afetivo e profissional. Discípulo de Rocío Prada, uma professora argentina cuja influência vai muito além da acadêmica, o jovem paisagista vive relações fraturadas nas quais se intrometem lembranças da infância e, já na Alemanha, a aparição de Maria José, uma professora de alemão com quem começa a se envolver. “Todos esses elementos nasceram a partir dessa ideia de inadequação no espaço, no clima, na paisagem. Cresci numa cidade em que meus avós e até meus pais faziam uma distinção entre eles, os ‘italianos’ e os outros, os ‘brasileiros’, por mais que todos estivessem no mesmo território, ali tivessem nascido e crescido, falassem português. Isso sempre foi presente e segue ainda hoje”, pondera.
“Refúgio para bisões” foi 3º colocado no prêmio Prêmio Biblioteca Digital 2021, promovido pela Biblioteca Pública do Paraná, e sai agora pela Matria, editora fundada pelos paraibanos Hindemburgo Rolim e Tiago Germano. Segundo livro do catálogo da editora, o romance sucede “Vespas-do-mar nunca guardam rancor”, ambos produzidos após campanhas de financiamento coletivo na plataforma Catarse.
Clóvis, um jovem paisagista de ascendência alemã, pretende construir um bosque com árvores europeias em pleno território brasileiro. Em sua saga quixotesca, entre reuniões de condomínio tão tempestuosas quanto os ciclones extratropicais que lhe inspiram verdadeiro terror, o jovem obcecado pela origem e comportamento das plantas começa a descobrir-se fora de seu próprio habitat. O estranhamento está desenhado em seu semblante desde a infância: portador de heterocromia, seus olhos, cada qual de uma cor, expressam a dupla identidade de Clóvis, que não se reconhece num Brasil estrangeiro a Porto Alegre (a cidade que abriga sua vida solitária) e muito menos na Alemanha (o país para onde parte em busca de um passado remoto).
“Refúgio para bisões” é um romance sobre mudanças e mutações. Sobre a luta persistente e por vezes fadada ao fracasso do homem e da natureza na sina comum de se adaptar. Homens e plantas: organismos frágeis e temperamentais, suscetíveis às variações do clima e às transformações do espaço onde vivem.
Fincando raízes nas lembranças de suas aventuras amorosas com a vizinha Hélen e a professora Rocío Prada, sua mentora intelectual, Clóvis permite aflorar-se numa relação com Maria José, sua professora de alemão, uma nordestina que também se encontra fora de seu solo, numa Heidelberg pré-pandemia, já pouco acolhedora a elementos externos.
O quê?
Lançamento do livro Refúgio de Bisões, de Gabriel Eduardo Bortulini
Quando?
Quarta-feira (31), às 19h
Onde?
Na sede da Editora Matria
R. Raimundo Marques Pordeus, 166 (Pedro Gondim), João Pessoa/PB
Quanto?
R$ 59
Com informações da assessoria de imprensa.
