Durante uma partida que aconteceu no dia 28 de janeiro, na primeira rodada do Campeonato Baiano, um jogador do Esporte Clube Vitória, que disputou contra o Juazeirense no Estádio Barradão, em Salvador, comemorou seu gol de maneira inusitada. O volante Dudu, camisa 21 do time, segurou uma caixa gigante de tadalafila, fazendo alusão ao uso do medicamento. A tadalafila, que está se popularizando entre os jovens, tem como função principal o tratamento da disfunção erétil. Alguns profissionais de saúde apresentam preocupação quanto ao uso indiscriminado do medicamento, alertando que ele pode causar dependência aos usuários.
Um vídeo que mostra o momento em que o camisa 21 levantou a caixa de tadalafila para a torcida do Vitória repercutiu na plataforma X, recebendo vários comentários falando de forma positiva sobre o uso do medicamento. Os torcedores recentemente adotaram o apelido “time do sexo”, que também faz menção a um dos patrocinadores do clube, a Fatal Model, maior plataforma de anúncio de acompanhantes do Brasil.
Veja também
Saiba os temas que devem ser votados pelo Congresso em 2024
Além do uso voltado para a melhoria do desempenho sexual, a tadalafila está sendo consumida com outras finalidades, como aperfeiçoamento do rendimento em atividades físicas e ganho de massa muscular, o que não é comprovado cientificamente. O urologista Alexandre Aranha acredita que muitos homens utilizam a justificativa dos treinos de musculação para explicar o uso da medicação, possivelmente devido ao estigma associado ao consumo de tadalafila no tratamento da disfunção erétil.
Como a utilização da tadalafila é recente, ainda não existem estudos científicos que apontem as consequências do seu consumo recreativo, mas Alexandre relata que é possível observar uma certa dependência em alguns pacientes. Muitos homens iniciaram o uso do medicamento movidos pelo receio de não alcançar um desempenho satisfatório em seus primeiros encontros íntimos, acreditando que somente a tadalafila proporcionaria resultados positivos. “Nos dias hoje, onde se tem relações muito líquidas, sem vínculo amoroso com a pessoa que você se envolve sexualmente, os homens acabam ficando mais ansiosos e preocupados com o seu desempenho na hora do sexo. Muito disso acontece pela falta de confiança na parceira ou parceiro, os homens tem medo de decepcionar e acabam fazendo o uso do remédio”, explica o urologista.
A dependência acontece quando esses pacientes começam a apresentar sinais de ansiedade ao não fazerem uso da medicação antes da relação sexual ou desistem de ter algum envolvimento mais íntimo por não terem acesso à tadalafila antes. O medo causado pela falta do remédio acaba gerando um estresse que fecha os vasos sanguíneos e faz com que o homem não tenha uma ereção, “dessa forma, os homens que fazem uso da tadalafila comprovam que só conseguem ter um bom desempenho com ela”, conta Alexandre.
A psicológa Thaís Soares explica que a dependência psicológica de um medicamento está ligada à função que aquela substância tem na vida do indivíduo, nesse caso, os pacientes tomam a tadalafila para evitar uma situação estressante ou ansiogênica. “A dependência psicológica vai causar uma distorção cognitiva, onde o indivíduo vai acreditar que somente com aquela substância ele vai conseguir performar o ato”, comenta Thaís.
A tadalafila é um medicamento usado para o tratamento da dificuldade de obtenção e manutenção da ereção do pênis, conhecida como disfunção erétil. Mas, como qualquer outro medicamento, o uso indiscriminado da tadalafila pode causar reações adversas e perigosas. Além da dependência, alguns dos efeitos colaterais mais comuns incluem dor de cabeça, indigestão, dor nas costas, rubor facial, congestão nasal e dores musculares. Em casos raros, pode causar alterações na visão, audição ou batimentos cardíacos.
O Conselho Federal de Farmácia já havia demonstrado preocupação em relação ao medicamento em maio do ano passado, alertando que a tadalafila não deve ser usada por todos os homens, especialmente aqueles que têm problemas cardíacos ou que tomam medicamentos contendo nitratos.
*Sob supervisão de Felipe Gesteira