Morreu aos 88 anos o político, escritor, professor universitário, promotor de justiça e ativista dos direitos humanos brasileiro, Agassiz Almeida. A morte ocorreu nesse domingo (21) e foi confirmada pelo seu filho, o professor Agassiz Almeida Filho, que informou que o pai faleceu em casa. “Agassiz partiu com serenidade, em casa, após uma vida inteira dedicada à causa democrática e ao Brasil”, escreveu.
Com o Golpe Militar de 1964, Agassiz Almeida enfrentou uma dura e implacável perseguição. Sua filiação ao PSB foi o suficiente para colocá-lo na mira das autoridades. Juntamente com outros colegas, ele teve seu mandato de deputado estadual cassado em 7 de abril de 1964, apenas seis dias após a instalação do regime ditatorial.
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Essa cassação o colocou entre os primeiros alvos dos militares na Paraíba. No entanto, a perseguição não se limitou apenas à política. Em 11 de abril do mesmo ano, ele e outros oito professores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) foram removidos de seus cargos. Ele foi preso e encaminhado para o arquipélago de Fernando de Noronha, utilizado como prisão política.
Agassiz Almeida ingressou na política em 1954, sendo eleito vereador de Campina Grande. Sua ascensão política culminou em 1962, quando assumiu o cargo de deputado estadual. No entanto, sua trajetória foi brutalmente interrompida em abril de 1964, com a cassação de seu mandato após o Golpe Militar. Apesar dos obstáculos, Agassiz retornou à cena política, servindo como deputado federal pela Paraíba de 1980 a 1981 e novamente de 1987 a 1991, como deputado constituinte pelo PMDB, quando participou ativamente da elaboração da Constituição de 1988.
Após sair da vida pública ele focou no seu trabalho literário, entre as suas obras estão os livros “O Fenômeno Humano” (2012), “A ditadura dos generais” (2007) e “A República das elites” (2004). Mas a sua atuação enquanto defensor dos direitos humanos continuou reverberando durante os anos. Em setembro de 2010, ele recebeu homenagem no 4º Seminário Latino-Americano de Anistia e Direitos Humanos realizado em Brasília. Nesse mesmo ano a Agência Nacional do Cinema (Ancine) aprovou o filme “Cães e Homens”, baseado no seu livro “A ditadura dos generais”.
Agassiz Filho publicou um vídeo na plaforma X, onde leu um trecho do livro “Memórias de Minha Vida”, lançado por Agassiz Almeida no ano passado. “Quando no amanhã dos tempos perguntarem o que deixei de legado na minha passagem pela terra então responderei, lutei sempre contra as injustiças sociais”. A obra foi escrita durante o período da pandemia e traz, por uma perspectiva literária, análises do mundo segundo a ótica de seu pai enquanto político e pensador.
O velório acontece nesta segunda-feira (22), entre 8h e 15h, no salão nobre da Assembleia Legislativa da Paraíba. O sepultamento está marcado para 16h, no cemitério Parque das Acácias.
*Sob supervisão de Felipe Gesteira