Imigrar e empreender é a escolha de muitos brasileiros que decidem morar em Portugal. Eles desempenham um papel significativo no crescimento do empreendedorismo no país, sendo responsáveis por mais da metade dos novos negócios criados. Esses empreendimentos frequentemente refletem a identidade brasileira, destacando-se nas áreas de vendas imobiliárias, comércio e comunicação.
Nos últimos anos, o empreendedorismo tem crescido bastante no país, que, por sua vez, tem incentivado a abertura de novos negócios, inclusive os criados por cidadãos estrangeiros. De acordo com dados oficiais publicados pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM), 65% dos novos negócios em Portugal foram criados por brasileiros.
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Os brasileiros são a maior comunidade estrangeira dentro de Portugal. Segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal (SEF), pessoas nascidas no Brasil correspondem a 13% dos expatriados vivendo no país europeu, que é visto como lugar de oportunidades. E foi por essa perspectiva que Luciana Medeiros (39), natural de Campina Grande, na Paraíba, decidiu abrir a Dom Brigadeiro Portugal.
“Sempre tive o desejo de empreender”. Luciana conta que seu primeiro contato com noções que envolvem o mundo dos negócios começou muito cedo, durante o período que estagiou no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Aos 18 anos, comecei a trabalhar no Sebrae como estagiária e permaneci lá por 2 anos e 8 meses. Durante esse tempo, minha visão sobre o empreendedorismo se aprofundou, me fazendo refletir constantemente sobre como poderia iniciar meu próprio negócio e sobre a complexidade e a magia envolvidas na criação de um produto ou na prestação de um serviço”, relata a campinense.
O primeiro negócio de Luciana foi a Dom Brigadeiro, que teve o seu início no ano de 2015, em Campina Grande. A iniciativa começou a partir do casamento do irmão de uma amiga, onde ela e uma colega preparam os doces de forma simples para a festa. O sucesso na ocasião a fez continuar, no dia seguinte ela preparou uma nova remessa de doces para vender em alguns pontos da cidade. Todo o lucro obtido foi revertido em investimento para o negócio, ela e a amiga compraram mais insumos e fizeram cursos. “Investimos em produtos de qualidade, superiores aos apresentados no mercado de doces na nossa cidade. Minha amiga se tornou minha sócia. Juntas, decidimos transformar esses brigadeiros em um negócio”, relata Luciana.
Ao se mudar para Portugal em 2016, ela temporariamente deixou de lado sua paixão pelos doces para se concentrar na consultoria imobiliária como sua principal fonte de renda. No entanto, a vontade de voltar a empreender sempre esteve presente, e assim, em 2021, nasceu a Dom Brigadeiro Portugal. Ela destaca que o mercado português é diversificado e receptivo a novas experiências, e a comunidade empreendedora é colaborativa. Luciana conta que apesar dos desafios com a burocracia e adaptação dos produtos ao paladar local, suas habilidades em negociação e marketing, adquiridas na consultoria imobiliária, foram cruciais para o sucesso do novo negócio. “Vender está no meu sangue, e essa combinação de experiências fortaleceu minha capacidade de empreender com sucesso em um novo país”, afirma a paraibana.
Estatísticas revelam que as mulheres brasileiras estão liderando o empreendedorismo no país. Segundo dados da ACM, 75% dos novos empreendimentos iniciados por brasileiros em Portugal em 2020 são liderados por mulheres. Esse cenário demonstra o crescente protagonismo feminino no ambiente empresarial, evidenciando a força e a determinação das empreendedoras brasileiras.
Para os aspirantes a empreendedores, contar com recursos adequados pode ser determinante para o sucesso de seus futuros negócios. Uma opção disponível é o auxílio oferecido pelo Sebrae, que disponibiliza uma variedade de ferramentas úteis nesse processo. Entre elas, destaca-se o plano de negócios, uma peça fundamental para estruturar ideias, analisar viabilidades e planejar estratégias futuras. Este plano guia passo a passo na criação do negócio, abordando áreas essenciais como mercado, finanças, marketing e operações. “Além disso, o Radar Sebrae é uma ferramenta on-line que oferece informações sobre o mercado e o setor de interesse do empreendedor. Ele fornece dados atualizados, tendências e análises que podem ajudar na tomada de decisões e na identificação de oportunidades de negócio”, explica Rafaella Catão, Analista Técnica do Sebrae Paraíba.
Visando a percepção de internacionalização dos negócios, em novembro do ano passado, o Sebrae PB realizou a primeira edição do Programa Digital de Empreendedorismo, beneficiando sete startups paraibanas. Baseado em uma metodologia colaborativa desenvolvida na cidade de Fundão, em Portugal, o programa teve como objetivo fortalecer e aprimorar negócios inovadores no estado. Durante três dias de imersão, os participantes exploraram temas como propósito, cenários de mercado e construção de plano de ação.
Durante 2024, Portugal tem implementado diversos apoios e incentivos para facilitar a abertura de novas empresas. Entre as medidas destacam-se o programa StartUp Voucher, que oferece um apoio financeiro de 5 mil euros, e o Vale de Incubação, com um auxílio de 10 mil euros para empresas em incubadoras certificadas. Além disso, há linhas de crédito com taxas de juros bonificadas e isenções fiscais, como redução na taxa de IRC e isenção de IVA nos primeiros seis meses de atividade. Essas iniciativas visam fomentar o empreendedorismo e a competitividade no país.
*Sob supervisão de Felipe Gesteira
