A Polícia Federal (PF) revelou nesta quinta-feira (11) que a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi utilizada de forma ilegal durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro para beneficiar dois de seus filhos, Jair Renan e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O relatório da investigação, denominado Abin Paralela, foi divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após a retirada do sigilo do inquérito que apura o caso.
De acordo com o relatório da PF, a espionagem ilegal foi coordenada pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que na época era o diretor-geral da Abin. Segundo as investigações, agentes da agência foram instruídos a realizar monitoramento não autorizado para obter informações sobre investigações envolvendo os filhos de Bolsonaro.
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Em um dos casos, os agentes espionaram Allan Lucena, ex-sócio de Jair Renan em uma empresa de eventos. Renan é acusado de tráfico de influência e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público, embora o caso tenha sido encerrado em 2022 por falta de evidências concretas contra ele.
Além disso, a estrutura da Abin foi utilizada para espionagem de fiscais da Receita Federal responsáveis pelas investigações sobre o esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro, enquanto era deputado estadual. O monitoramento dos auditores da Receita foi solicitado por Ramagem com o intuito de obter informações sobre a investigação que apurava irregularidades no gabinete de Flávio.
O senador Flávio Bolsonaro reagiu à divulgação do relatório, afirmando que o ato visa prejudicar a candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro. Em um comunicado nas redes sociais, Flávio argumentou que não havia relação entre ele e a Abin e criticou a publicação do relatório como uma tentativa de manipulação política.
A Polícia Federal continua investigando o uso indevido da estrutura da Abin e busca responsabilizar os envolvidos no esquema de espionagem ilegal. A reportagem tentou contato com a defesa de Jair Bolsonaro, Jair Renan e o deputado Alexandre Ramagem, mas ainda não obteve retorno.
O caso levanta questões sérias sobre a utilização dos recursos de inteligência para fins pessoais e políticos, e a investigação prossegue para esclarecer a extensão e as implicações das ações ilegais.
Com informações da Agência Brasil e g1