Terminou neste mês o prazo para o Brasil acabar com lixões e aterros controlados. Apesar disso, os resíduos sólidos sem aproveitamento ou destinação adequados continuam sendo o principal emissor de metano nas regiões metropolitanas no país. Uma audiência pública da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC) na segunda-feira (26), às 14h, vai debater os projetos de lei que incentivam tecnologias para redução das emissões desse gás de efeito estufa, que, assim como o dióxido de carbono, deve ser mitigado para o cumprimento do Acordo de Paris, que busca conter o aquecimento global.
O metano é responsável por uma significativa parcela das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, principalmente oriundas da agropecuária e
de resíduos sólidos urbanos. Segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), as emissões do gás provenientes de resíduos sólidos subiram de 1,3 milhão de toneladas em 2005 para mais de 2 milhões em 2020.
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“É importante enfatizar que os aterros sanitários existentes devem ser obrigados e incentivados a recuperar o máximo de biogás possível para evitar emissões de metano e contribuir para o cumprimento das metas climáticas nacionais. No entanto, prolongar a vida útil dos aterros operacionais ou construir novos com o objetivo de produzir biogás e biometano não deve ser a solução preferida, pois as emissões de metano aumentarão no final. É difícil alcançar uma eficiência de recuperação de mais de 50% do biogás gerado pelos aterros sanitários”, explica a deputada Socorro Neri (PP-AC), autora do requerimento da audiência e presidente da comissão mista.
A parlamentar defende políticas e regulamentos eficazes para estimular a redução das emissões, que também podem ser aproveitadas para virar uma fonte renovável de energia. Projetos de biogás e biometano podem capturar e utilizar esse metano, mitigando seu impacto climático. Além disso, a transformação de resíduos agropecuários e urbanos em biogás e biometano promove o aproveitamento sustentável desses materiais, reduzindo problemas de gestão de resíduos e contaminação ambiental. O Congresso Nacional está discutindo vários projetos de lei sobre tecnologias para redução das emissões do gás e para a estruturação do mercado brasileiro de carbono, que incluem:
Já confirmaram participação na audiência pública representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e das Associações de Recuperação Energética de Resíduos (Abren) e do Biogás (ABiogás).
A comissão tem o senador Humberto Costa (PT-PE) como vice-presidente e o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) como relator.
Um estudo de 2021 da universidade americana de Columbia citado no requerimento da audiência mostra que a eficiência média de captura de metano em aterros foi de 48%. As pesquisas também indicaram que aterros sanitários emitem até três vezes mais metano do que está previsto nos inventários atuais.
Durante a COP 26, realizada em 2021, na Escócia, o Brasil assinou o Compromisso Global do Metano, comprometendo-se a reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, em comparação com os níveis de 2020.
O Brasil tem seis indústrias de biometano e outras 22 em fase de autorização pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), segundo o requerimento. O setor agropecuário possui 78% das plantas, mas ainda contribui com apenas 10% do volume total de biogás. Já o setor de saneamento, com um número menor de plantas (10%), produz muito mais biogás (74%), porque a maior parte vem de grandes aterros sanitários em localidades densamente povoadas.
Ainda falta muito para o país atingir seu potencial na produção anual de biogás, cerca de 84,6 bilhões de metros cúbicos (m³), de acordo com o pedido da audiência. Isso seria equivalente a quase metade da demanda nacional de eletricidade ou 70% do consumo de diesel. Em 2021, o Brasil produziu apenas 2,3 bilhões de m³ de biogás, ou 3% do seu potencial, segundo o requerimento.
Fonte: Agência Senado