Retirar do seu plano de governo políticas públicas da comunidade LGBT em troca da adesão do PL e do Novo. Essa é a iniciativa do prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima que foi parar nas páginas da Revista Veja. De acordo com a publicação, o candidato à reeleição pelo União Brasil se mostrou disposto a atender a ala conservadora poucos dias depois dos ataques homofóbicos contra a advogada Laryssa Almeida, ex-aliada de Bruno. E toda essa intolerância provocou um efeito cascata de críticas de defensores dos direitos LGBTQIAPN+, indo parar na mídia nacional.
Campina Grande: União descarta políticas LGBT por adesão do PL e do Novo
Candidato à reeleição, Bruno Cunha Lima diz que não fará do tema um “cavalo de batalha”, sugerindo que atenderá à exigência do vereador eleito Artur Bolinha
Candidato à reeleição, o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (União Brasil), gerou polêmica durante entrevista à TV Paraíba nesta semana. Ao ser perguntado sobre o pedido do empresário Artur Bolinha (Novo) para que retirasse de seu plano de governo políticas destinadas à população LGBTQIAPNb+, Bruno tentou desviar da pergunta, mas admitiu Artur Bolinha (candidado pelo Novo que aderiu a Bruno com a condição dele abrir mão da politica LGBT) Bruno Cunha Lima (candidato a reeleição) Pastor Sérgio Queiroz (ex- secretário executivo no Governo Bolsonaro e presidente no Novo na Paraíba) que poderia atender à solicitação de Bolinha, seu novo aliado para o segundo turno das eleições municipais, contra Jhony Bezerra (PSB).
“Vou continuar tendo uma ação que respeita as pessoas, independentemente da opinião política, religiosa e orientação sexual. Agora, se isso for tornar um cavalo de batalha para tentar colocar em debate político, quando não existe, eu não vejo problema nenhum de retirar”, afirmou, associando as pautas à “apologia” e sugerindo que as pautas de inclusão poderiam ser descartadas por conveniência eleitoral.
A declaração levantou críticas de setores progressistas e defensores dos direitos LGBTQIAPNb+, ao mesmo tempo em que expôs a ambiguidade de Bruno em relação à defesa dos direitos dessa comunidade.
A possibilidade de flexibilização das políticas de inclusão, ainda que velada, trouxe à tona a questão da homofobia no ambiente político de Campina Grande, que já vinha sendo evidenciada em episódios recentes.
Na última semana, uma onda de ataques homofóbicos foi direcionada à advogada Laryssa Almeida, suplente de vereadora pelo MDB. Após romper com a coligação de Bruno Cunha Lima e declarar apoio a Jhony Bezerra, Laryssa se tornou alvo de insultos preconceituosos por parte de apoiadores do atual prefeito. Laryssa relatou que decidiu romper com então aliado Bruno Cunha, pelo desalinhamento e abandono político. Segundo ela, ainda em julho, ele deixou de responder suas mensagens e demonstrou falta de apoio à sua candidatura.
Após anunciar seu afastamento da coligação e apoio a Jhony Bezerra, foi vítima de uma série de ataques nas redes sociais, principalmente de apoiadores do prefeito. *“Ao perceber o afastamento do prefeito Bruno Cunha Lima e a falta de apoio político, ficou claro que minha candidatura não tinha alinhamento à dele. Além de ignorar meus contatos, Bruno optou por se alinhar com pautas que vão contra tudo o que acredito, inclusive sugerindo a exclusão de políticas de inclusão da comunidade LGBT. Isso me levou a romper com a coligação e apoiar um projeto mais inclusivo e democrático. Infelizmente, desde essa decisão, fui alvo de ataques homofóbicos por parte de seus apoiadores, o que só reforça a intolerância presente no ambiente político de Campina Grande”, declarou Laryssa Almeida.
Diversas instituições, como a Assembleia Legislativa da Paraíba, a Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana e o movimento RenovaBR, emitiram notas de apoio a Laryssa, condenando os ataques homofóbicos e a violência política. A Assembleia reiterou a importância de políticas inclusivas que garantam a participação de mulheres e pessoas LGBTQIAPNb+ na política, enquanto a Secretaria classificou os ataques como uma grave ameaça à democracia e à cidadania. O RenovaBR repudiou os ataques, destacando que qualquer ação que tente anular ou restringir o exercício de direitos políticos, especialmente por meio de violência moral ou simbólica, deve ser firmemente condenada.