Milhares de mulheres se reuniram em uma manifestação na cidade de Qamishli, no nordeste da Síria, nesta segunda-feira (23), para exigir que os novos governantes islâmicos em Damasco respeitem os direitos das mulheres e condenem as campanhas militares apoiadas pela Turquia no norte do país, região controlada pelos curdos.
Muitas manifestantes carregavam bandeiras verdes das Unidades de Proteção da Mulher (YPJ), entidade afiliada à milícia das Unidades de Proteção ao Povo Curdo, considerada uma ameaça pela Turquia.
“Estamos exigindo que os direitos das mulheres sejam reconhecidos no novo regime e que elas não sejam excluídas do sistema. Também condenamos os ataques da ocupação turca contra Kobani”, afirmou a ativista de direitos humanos das mulheres, Sawsan Hussein.
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Desde o início da guerra civil síria em 2011, os grupos curdos têm autonomia significativa no norte. A milícia curda YPG, que comanda as Forças Democráticas da Síria (FDS) com apoio dos Estados Unidos, tem sido uma força dominante na região.
No entanto, o equilíbrio de poder mudou com a invasão de Damasco pelo grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) há duas semanas, o qual derrubou Bashar al-Assad e estabeleceu um governo favorável à Turquia. Os grupos curdos proeminentes na Síria seguem uma ideologia que valoriza o socialismo e o feminismo, contrastando com as visões conservadoras sunitas do HTS, que foi anteriormente afiliado à Al Qaeda.
Há um medo generalizado entre os sírios de que a nova administração de Damasco se incline para um governo islâmico rigoroso, o que poderia marginalizar minorias e mulheres na esfera pública.
Obaida Arnout, porta-voz do governo de transição da Síria, declarou na semana passada que a “natureza biológica e fisiológica” das mulheres as torna inadequadas para certos cargos governamentais.
Com informações da Agência Brasil.