Vinte e uma obras restauradas após o 8 de janeiro retornaram oficialmente ao acervo da Presidência da República, em ato realizado nesta quarta-feira (8), no Palácio do Planalto. Telas rasgadas, cerâmicas reduzidas a cacos e peças quebradas ganharam nova vida graças ao detalhado trabalho de restauração. O processo de restauro das peças contou com a atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “A preservação desse legado que une cultura, história e democracia é responsabilidade de todos”, destacou a primeira-dama Janja da Silva, durante a cerimônia.
As peças restauradas foram reintegradas aos acervos presidenciais por meio de parceria entre o Governo Federal, Iphan, Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais (DCPP). A cerimônia de entrega das obras restauradas foi concluída com o descerramento do quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti, alvo de facadas nos ataques do 8 de janeiro.
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“Nós não estamos aqui para agredir quem nos agrediu, mas para fazer um gesto de respeito e afeto por aquilo que nos representa e contribui para nos fazer sentir um só povo: o nosso Patrimônio Cultural”, disse o presidente do Iphan, Leandro Grass, aproveitando para ressaltar a atenção especial que o Governo Federal tem dado ao órgão. “Essa importantíssima entrega [das obras restauradas] se soma aos mais de 370 milhões investidos no Patrimônio Material e Imaterial nesses primeiros dois anos do governo.”
“Nós não estamos aqui para agredir quem nos agrediu, mas para fazer um gesto de respeito e afeto por aquilo que nos representa e contribui para nos fazer sentir um só povo: o nosso Patrimônio Cultural”, disse o presidente do Iphan, Leandro Grass
Além das sete obras que haviam sido vandalizadas nos atos de 2023, outras 13 do acervo dos palácios presidenciais também foram recuperadas por meio do Termo de Execução Descentralizada (TED), firmado no início de 2024 entre o Iphan e a UFPel. A iniciativa contou com um investimento de aproximadamente R$ 2,2 milhões.
Para executar esse trabalho, técnicos da UFPel atuaram no laboratório de restauro instalado no Palácio da Alvorada especialmente para a tarefa, viabilizado pela Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais e a Coordenação-Geral de Administração das Residências Oficiais. A equipe veio de Pelotas para Brasília, morando na capital por quase um ano para contribuir com a devolução dos bens ao acervo. Ao todo, 22 profissionais estiveram envolvidos no projeto, entre eles docentes do curso de Conservação e Restauração da UFPel e bolsistas de graduação e pós-graduação da universidade.
Além do restauro, a colaboração também promoveu a realização de oficinas de educação patrimonial em três escolas públicas do Distrito Federal, nos meses de agosto e setembro. Mais de 500 alunos participaram das atividades, que contaram também com o apoio da Universidade de Brasília (UnB), com professores e estudantes ministrando as aulas. As oficinas conscientizaram os estudantes para a importância do Patrimônio Cultural e o valor simbólico das obras vandalizadas e posteriormente restauradas.
“A realização dessas oficinas é sem dúvida uma grande entrega desses projetos. Ela não apenas transmite a ligação entre cultura, memória e arte, mas também reforça o verdadeiro significado da democracia para as novas gerações”, disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Fonte: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com informações de Agência Brasil