Nesta quinta-feira (6), o Kremlin criticou duramente o que descreveu como um discurso altamente combativo do presidente francês, Emmanuel Macron. Em sua fala, Macron identificou a Rússia como uma ameaça para a Europa e mencionou que Paris poderia avaliar a possibilidade de estender sua proteção nuclear a outras nações.
De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a retórica nuclear utilizada por Macron constitui uma ameaça para a Rússia. Ele afirmou que as declarações do presidente francês, proferidas em um pronunciamento à nação na quarta-feira (5), sugerem que a França tem interesse em prolongar o conflito na Ucrânia.
“O discurso de Macron é realmente extremamente combativo. Dificilmente pode ser visto como um discurso de um chefe de Estado que está pensando na paz. Pelo contrário, do que foi dito, pode-se concluir que a França está mais focada na guerra, na continuação da guerra”, disse Peskov a jornalistas.
Peskov também destacou que Macron deixou de mencionar fatos relevantes e ignorou as “preocupações e temores legítimos” da Rússia em relação à expansão da Otan em direção ao leste, aproximando-se das fronteiras russas. Na mesma quinta-feira, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, classificou o presidente francês como um “charlatão” e afirmou que ele está “desconectado da realidade”.
Sob o comando de Macron, a França tem fornecido armamentos à Ucrânia e demonstrado abertura para avaliar o envio de tropas com o objetivo de assegurar a execução de um possível acordo de paz. Nesta quinta-feira, Peskov reiterou que a Rússia vê como inaceitável a presença de forças de paz da Otan na Ucrânia, argumentando que isso representaria uma entrada formal desses países no conflito.
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Além disso, os russos responderam com uma ameaça no mesmo dia, afirmando que a reação do país a um eventual envio de tropas de paz da Otan para a Ucrânia seria “obvia para todo mundo”. Putin chegou a ameaçar o uso de armas nucleares caso tal cenário se concretizasse.
Em seu discurso na quarta-feira, Macron também mencionou que a França está preparada para debater a possibilidade de ampliar a proteção de seu arsenal nuclear a outras nações europeias.
Peskov avaliou que essa postura representa uma “pretensão de liderança nuclear na Europa”, algo que ele classificou como “muito, muito combativo”.
Macron ainda anunciou na quarta-feira que planeja realizar, na próxima semana, uma reunião com os líderes militares de países europeus que estejam dispostos a enviar tropas para a Ucrânia após um eventual acordo de paz com a Rússia.
Em um pronunciamento à nação na quarta-feira (6), o presidente Emmanuel Macron destacou a Rússia como uma ameaça à Europa, enfatizou a necessidade de união do continente em apoio à Ucrânia e mencionou a intenção de debater com líderes europeus a possibilidade de disponibilizar o arsenal nuclear francês para aliados como uma ferramenta de dissuasão.
Macron também direcionou críticas à administração Trump, acusando-a de alinhamento com Moscou e de iniciar uma guerra tarifária contra parceiros, como o Canadá.
“A ameaça russa existe e afeta os países da Europa”, disse Macron. Ele afirmou que Moscou continua a se rearmar e que, até 2030, “planeja aumentar ainda mais seu Exército, para ter mais 300 mil soldados, 3.000 tanques e mais 300 aviões de caça”.
Como contraponto a um possível projeto expansionista de Vladimir Putin, o presidente francês propôs disponibilizar seu arsenal nuclear para aliados europeus, como uma estratégia de dissuasão.
“Respondendo ao chamado histórico do futuro chanceler alemão [Friedrich Merz], decidi abrir o debate estratégico sobre a proteção de nossos aliados no continente europeu por meio de nossa dissuasão (nuclear). Aconteça o que acontecer, a decisão sempre esteve e permanecerá nas mãos do Presidente da República, chefe das Forças Armadas.”
Com a saída do Reino Unido da União Europeia, a França se tornou o único país do bloco a possuir um arsenal nuclear.
Com informações de g1.